O novo corregedor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), José Fernando Moraes Chuy, promoveu exonerações no setor logo na chegada ao cargo, segundo fontes ligadas ao órgão.
A saída de alguns desses servidores aumentou a preocupação da Polícia Federal (PF), que vê possíveis prejuízos para às investigações em andamento, como a que envolve o esquema de espionagem ilegal chamado de “Abin paralela”.
Integrantes da PF temem que a troca de toda estrutura da Corregedoria possa levar a atrasos nos procedimentos investigativos. Ainda acreditam em um possível trabalho com “viés de proteção” e não de “apuração” com os envolvidos em irregularidades dentro da agência.
Contudo, a Abin afirma que os “demais servidores da Corregedoria-Geral da Agência serão compostos por integrantes das carreiras de Inteligência da ABIN. A nova gestão da Corregedoria irá cumprir seu papel previsto em lei e colaborar com as autoridades competentes”. A íntegra do posicionamento da Abin está ao fim do texto.
Chuy também é delegado da PF e teve a nomeação publicada no Diário Oficial da União (DOU) nesta segunda-feira (2). O novo corregedor é apontado como aliado do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Os investigadores da PF já tinham manifestado preocupação com a troca de comando na corregedoria da Abin. Fontes da PF ligadas à apuração da “Abin Paralela” demonstravam confiança no trabalho da equipe anterior.
PF e Abin estão em rota de colisão desde as apurações sobre irregularidades na agência. Os investigadores apontaram que a gestão da agência, já no governo Lula, montou uma estratégia de “blindagem” no órgão que atrapalhou as apurações.
Em julho, o ministro Alexandre de Moraes concordou com o posicionamento do procuradoria-geral da República (PGR), Paulo Gonet, em não compartilhar as apurações sobre a agência com a Corregedoria do órgão. O pedido de compartilhamento foi feito pela própria PF no relatório.
Gonet sustentou que a medida não seria “recomendável”, uma vez que “foram identificadas ações das novas gestões da Abin” para obstruir as investigações.
A PGR apontou que há indicativos “da intenção de evitar a apuração aprofundada dos fatos” e de uma “aparente resistência identificada no interior da Abin”, o que está sendo apurado no âmbito da Controladoria-Geral da União (CGU).
A troca de corregedor também desagradou os servidores da Abin que defendem um nome ligado à instituição e não um delegado da PF.
Outro lado
Veja a integra do posicionamento da Abin em relação à questão:
A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) informa que foi nomeado nesta segunda-feira – 2 de setembro, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU), novo corregedor-geral da ABIN. A requisição ocorreu após aprovação do nome pela Controladoria-Geral da União (CGU) e atendeu a todos os requisitos legais. Os demais servidores da Corregedoria-Geral da Agência serão compostos por integrantes das carreiras de Inteligência da ABIN. A nova gestão da Corregedoria irá cumprir seu papel previsto em lei e colaborar com as autoridades competentes.
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