A OpenAI anunciou nesta quinta-feira, 11, o lançamento do GPT-5.2, nova geração de seu principal modelo de inteligência artificial, o ChatGPT, em um momento de pressão inédita na disputa com o Google. A atualização chega poucos dias após a revelação de que a empresa entrou internamente em um “alerta vermelho”, acionado pelo avanço do Gemini 3, e reforça a estratégia de reposicionar o ChatGPT como uma ferramenta superior.
O GPT-5.2 passa a ser disponibilizado para assinantes pagos do ChatGPT nos planos Plus, Pro, Team e Enterprise, além de desenvolvedores que usam a API (interface que conecta um sistema a outro). A família inclui três variações: Instant, voltada a respostas rápidas; Thinking, focada em tarefas complexas; e Pro, desenhada para cenários que exigem maior precisão e profundidade analítica.
Segundo a OpenAI, o novo modelo amplia de forma significativa a capacidade de lidar com demandas do cotidiano corporativo. Entre os exemplos citados estão a criação de planilhas mais sofisticadas, apresentações estruturadas, análises extensas de documentos longos e projetos que exigem múltiplas etapas encadeadas, além de avanços em programação e depuração de código.
“Nós projetamos o 5.2 para desbloquear ainda mais valor econômico para as pessoas”, disse a diretora de produto da OpenAI, Fidji Simo, em apresentação a jornalistas. Ela destacou melhorias em compreensão de contexto longo, uso inteligente de ferramentas e integração de texto, imagem e outros formatos de entrada.
Para além da simples leitura de imagens, o GPT-5.2 se comporta melhor ao entender gráficos, dashboards, PDFs e conjuntos visuais de dados, o que amplia o escopo de usos em contextos profissionais que dependem de mais do que apenas texto.
Em um exemplo apresentado em seu site, foi pedido ao GPT-5.2 rotular os componentes de hardware em uma imagem de uma placa-mãe. Mesmo com a figura em baixa definição, o modelo foi capaz de identificar diversos chips e peças, retornando a solicitação com retângulos rotulados com os nomes de cada componente. O modelo anterior, por sua vez, não foi capaz de detalhar com precisão os elementos da imagem.
Segundo a OpenAI, o novo modelo tem maior eficiência ao acionar ferramentas integradas ao sistema, como tradutores, calculadoras ou chamadas de API, escolhendo de forma mais inteligente qual ferramenta chamar para cada tipo de demanda complexa.
A versão Thinking concentra boa parte das atenções. De acordo com dados da própria empresa, o modelo empata ou supera profissionais humanos em cerca de 70% das tarefas avaliadas em um novo benchmark interno, que cobre atividades de conhecimento em 44 ocupações. A OpenAI afirma ainda que essas tarefas são realizadas em mais de 11 vezes a velocidade humana e a uma fração do custo, quando há supervisão.
Outro ponto enfatizado foi a redução de erros factuais. A empresa diz que o GPT-5.2 apresenta uma queda relevante nas chamadas “alucinações” em comparação com a versão anterior, o que deve beneficiar usos sensíveis, como análise jurídica, pesquisa acadêmica e interpretação de documentos técnicos extensos.
Do ponto de vista técnico, o modelo traz uma janela de contexto ampliada, capaz de processar centenas de milhares de tokens de uma só vez, o que permite trabalhar com grandes volumes de informação sem perder coerência. A data de corte do treinamento do modelo foi atualizada para o fim de agosto de 2025.
Alerta vermelho
A chegada do GPT-5.2 ocorre em meio a um mês turbulento para a OpenAI. No início de dezembro, Sam Altman comunicou aos funcionários que a empresa vivia um momento crítico e decretou um “alerta vermelho”, redirecionando equipes para acelerar melhorias no ChatGPT diante do impacto do Gemini 3 no mercado.
Apesar disso, executivos da empresa rejeitam a ideia de que o lançamento tenha sido apressado por causa do rival. Durante a apresentação, Simo afirmou que o desenvolvimento do GPT-5.2 vinha sendo planejado “há muitos meses”, ainda que o momento da liberação faça parte de uma decisão estratégica.
Recentemente, o Gemini 3 passou a liderar diversos benchmarks e acumulou elogios públicos de executivos do setor, reacendendo a sensação de que a OpenAI já não detém sozinha a dianteira tecnológica iniciada com o sucesso do ChatGPT em 2022.
Ainda assim, a empresa mantém uma base massiva de usuários. Enquanto o Gemini soma centenas de milhões de usuários mensais, o ChatGPT registra mais de 800 milhões de usuários ativos semanalmente, o que preserva sua posição como principal porta de entrada da IA para o grande público.
Outros dois anúncios recentes, que parecem alinhados à estratégia urgente de combate ao Gemini 3, foram o “modo adulto” e a parceria com a Disney – uma combinação que reúne propostas de conteúdo praticamente opostas.
A empresa afirma que o modo adulto permitirá interações mais maduras e contextuais, com salvaguardas reforçadas de verificação etária e uso responsável. Segundo a OpenAI, a iniciativa busca responder a demandas de usuários adultos sem repetir problemas enfrentados por concorrentes, em especial no que diz respeito a conteúdo sensível e limites de segurança.
Já a parceria com a Disney dará aos usuários do ChatGPT e Sora a possibilidade de gerar vídeos e imagens com os personagens e franquias do conglomerado de mídia, como Star Wars, Marvel e Pixar. Além disso, a proprietária do Mickey Mouse anunciou um investimento de US$ 1 bilhão na OpenAI.

