A inteligência artificial já é parte do cotidiano acadêmico, mas será que ela tem o que é preciso para passar numa universidade de verdade? Um experimento conduzido por pesquisadores americanos colocou essa ideia à prova, e o que eles descobriram pode mudar a forma como encaramos o ensino no mundo digital.
O “aluno” que não é humano
Pesquisadores da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, decidiram matricular a versão gratuita do ChatGPT em uma disciplina real de engenharia aeroespacial. Durante o semestre, o chatbot recebeu os mesmos exercícios que os alunos humanos: equações matemáticas, problemas técnicos e tarefas práticas.
No início, a IA se saiu muito bem — resolvendo questões estruturadas com precisão e rapidez, como uma calculadora turbinada. Parecia promissor. Mas a situação mudou quando os desafios deixaram de ser puramente mecânicos.
O ponto cego da IA: raciocínio e contexto
Quando os exercícios passaram a exigir interpretação de dados, análise crítica e tomada de decisão, o ChatGPT tropeçou. Embora tenha terminado o curso com nota B (o equivalente a um “bom”), ficou claro que sua “inteligência” é limitada à repetição e associação de padrões.
Em muitos momentos, a IA deu respostas erradas, usou termos confusos ou citou conceitos que nem foram ensinados na disciplina. E mesmo após ser corrigida, sua performance não melhorou — sinal de que ela não aprende de fato, apenas reproduz.

E agora: como ficam as tarefas escolares?
O experimento gerou uma discussão importante entre educadores. Para o professor Melkior Ornik, responsável pela disciplina, a IA deve ser encarada como a calculadora foi em seu tempo: uma ferramenta útil, mas que não substitui o raciocínio.
A lição deixada é clara: é preciso repensar o modelo tradicional de ensino. Menos foco em tarefas mecânicas e mais em atividades que desenvolvam pensamento crítico, criatividade e argumentação. Afinal, são essas habilidades que ainda diferenciam o ser humano da máquina.
A inteligência real continua sendo humana
Apesar dos avanços da IA, o estudo reforça que o verdadeiro aprendizado vai além de repetir fórmulas ou entregar respostas rápidas. A educação precisa formar pessoas capazes de pensar, questionar e inovar. E isso, pelo menos por enquanto, ainda está fora do alcance da inteligência artificial.