Awaneesh Verma lidera o Google Meet, o Google Voice e outros produtos de comunicação em tempo real da Alphabet, supervisionando uma enorme rede que alcança cerca de 3 bilhões de usuários e 11 milhões de empresas no mundo todo.
No entanto, sua motivação para eliminar o atrito na comunicação e garantir que as pessoas estejam “realmente se entendendo” tem raízes em uma jornada pessoal que remonta a antes de seu período no Uber e no Duolingo — ao momento em que ele aprendeu como barreiras podem impedir as pessoas de se comunicarem.
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Nascido no Reino Unido, filho de pais que imigraram da Índia, Verma passou a infância na cidade de Sheffield, no interior do país. Ele lembrou, em uma entrevista recente à Fortune, que, por muito tempo, foi “o único garoto indiano da turma”.
Embora sua cidade natal fosse “um ótimo lugar”, ele não conseguia deixar de se perguntar “como seria o resto do mundo — em sensação e aparência”. Ele recorda como era fascinado por um atlas físico na época pré–Google Maps. “Eu ficava olhando mapas e desenhando lugares com base neles.”
Anos mais tarde, quando Verma estudava engenharia na Carnegie Mellon University, em Pittsburgh, ele ouviu Alan Eustace, chefe de engenharia do Google, dar uma palestra sobre projetos em andamento — incluindo o Google Tradutor.
“Eu pensei: ‘Uau, isso é o futuro da conexão humana.’” Dentro de alguns anos, Verma estava trabalhando no Google Tradutor — parte de uma trajetória que o levou ao Duolingo como seu primeiro diretor de produto, depois ao Uber, também como chefe de produto, e, então, de volta ao Google.
Verma disse à Fortune que ama seu trabalho porque sempre gostou da ideia de algo relacionado a viagens, contando que queria ser apresentador de programa de viagens quando era criança.
“Eu gostava muito da ideia de conhecer pessoas de culturas diferentes e realmente entendê-las”, disse ele, acrescentando que teve sorte por conseguir um trabalho que lhe permite fazer exatamente isso.
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Testando a máquina enquanto dirige
Como chefe do Google Meet, Verma disse à Fortune que está sempre testando seu produto, do qual bilhões de usuários dependem para fazer negócios. (Embora, mais especificamente, ele diga que está sempre testando o produto internamente, desde pesquisas e provas de conceito até protótipos e versões beta para usuários finais.)
Ele afirmou que a beleza do Google Meet é que ele faz parte do Google Workspace — o que significa que todas as anotações feitas nele passam a integrar o Google Drive.
Verma contou que usa o Take Notes with Gemini em “praticamente todas” as suas reuniões. Com um único clique, essa ferramenta cria instantaneamente um documento vivo com notas da reunião, que se tornam a “decisão oficial” da equipe, transformando discussões em algo “durável e consistente”.
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Ele observou que essa confiabilidade tornou a colaboração distribuída mais fácil, lembrando um momento em que um terço de sua equipe em Estocolmo (Suécia) se sentiu confortável ao ignorar uma reunião inconveniente — algo impensável alguns anos antes.
A equipe precisava receber feedback de executivos baseados na Bay Area (São Francisco, EUA), mas o horário não era ideal. Mesmo assim, eles se sentiram confiantes em não participar. “Confiamos que vocês representarão bem nosso ponto de vista, e leremos as notas e a transcrição depois.”
O chefe do Google Meet também contou que costuma fazer debriefing (análise) dos projetos e pergunta aos membros da equipe o que funcionou bem e o que poderia ter sido diferente.
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Depois de tudo escrito no quadro branco, ele compara com o que o Gemini — o tomador de notas por IA — registrou sobre a reunião. “Quando houver dúvida, você pode voltar e ler a transcrição”, disse ele, lembrando que o Gemini inclui citações — então, quando qualquer coisa estiver em dúvida, “há um clique até a parte exata da transcrição onde você pode simplesmente ler o que aconteceu.”
O objetivo é usar IA para facilitar conversas humanas de alta fidelidade — incluindo tom e emoção — permitindo que equipes cheguem a conclusões mais rapidamente do que com comunicação assíncrona.
Verma ilustrou isso relatando uma discussão de 60 minutos com um colega engenheiro que, ao ser resumida pelo recurso Ask Gemini, resultou imediatamente em uma especificação de produto com 15 tópicos.
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Tradução em tempo real
As inovações de Verma e sua equipe ganham vida quando a Fortune conversa com Niklas Blum, um alemão nativo sediado no escritório do Google em Estocolmo. Ele demonstra o tradutor de fala em tempo real do Google — um produto bem diferente do Google Tradutor.
“Você está me ouvindo, Nick? Estou falando alemão com você agora”, disse Blum, enquanto o jornalista podia ouvir sua voz ao fundo soando alemã, enquanto, com alguns segundos de atraso, sua voz surgia em inglês pelos alto-falantes — de maneira quase estranhamente idêntica.
Blum explicou que a tecnologia de IA agora evoluiu a ponto de clonar sua voz em tempo real para que pareça que ele está falando em inglês.
Ele acrescentou que a equipe de Verma trabalhou de perto com o DeepMind do Google nas tecnologias, com múltiplas camadas de IA funcionando: a tradução e a geração da voz traduzida.
O atraso, segundo ele, depende bastante do idioma, já que a IA precisa considerar gramática e estrutura. O alemão, por exemplo, costuma colocar o verbo no final da frase — então há um atraso para a IA garantir o sentido correto.
Essa ferramenta de tradução em tempo real foi desenvolvida ao longo de cerca de dois anos, disse Blum, acrescentando que começou como uma exploração sem prazo definido. Mas, quanto mais o Google conversava com empresas globais que operam com barreiras linguísticas, mais identificavam a necessidade no mercado.
Ele afirmou que era “muito difícil” manter conversas entre equipes multilíngues garantindo que todos recebessem as informações corretas. “Queremos que o Google Meet não seja apenas uma ferramenta para conectar pessoas, mas algo que crie valor na conversa”, acrescentou.
“A beleza da tecnologia não é apenas o fato de que ela pode automatizar e tornar tudo mais fácil”, disse Verma, mas também que você pode confiar “que ela representa de forma neutra tudo o que foi dito.”
Por trás disso existe um objetivo evidente: resolver o problema do excesso de reuniões pós-pandemia, que define o cotidiano de muitos trabalhadores.
Verma observa que essas reuniões frequentemente são ineficazes, deixando participantes incertos sobre o que foi decidido e o que vem a seguir. Ele disse sentir uma necessidade real de combater a “fadiga de reuniões” que surge quando elas não são conduzidas de maneira eficiente.
Verma afirma que toda melhoria passa pela pergunta: “Como poderíamos ter ajudado as pessoas a fazer isso melhor?”
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