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O Que Funciona e O Que Não Funciona

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“Olá, ChatGPT, ative o modo agente e escreva um relatório de teste sobre o novo modo agente do ChatGPT.” Em breve, algo assim pode se tornar comum sempre que um jornalista de tecnologia precisar produzir um teste. Mas será que já chegamos a esse ponto? Eu, particularmente, acho que ainda não, já que até eu estou encontrando dificuldades para montar o texto. Ainda assim, é perceptível que o agente da OpenAI tem alguns truques interessantes.

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Resolvi pesquisar mais sobre o assunto, e agora vou contar o que já é possível fazer com o modo agente e o que ainda não está disponível. 

Confira um resumo dos pontos mais importantes:

  • No momento, o modo agente só está liberado para quem tem, pelo menos, a assinatura Plus, que custa US$ 23 por mês, cerca de R$ 124 na conversão direta;
  • Ele ainda está em um estágio inicial. A própria OpenAI alerta que o recurso pode apresentar falhas;
  • O agente não apenas responde perguntas, como também pode pesquisar e criar conteúdo sozinho, organizar informações e até fazer reservas;
  • Ferramentas: no modo agente, o ChatGPT pode acessar recursos como navegador, interpretador de código (Python), gerenciador de arquivos e integração com serviços ou plug-ins externos.

Modo de agente do ChatGPT em teste

Experimento 1: compra de calças novas

Que tarefa eu defino agora para o ChatGPT? Vou com calma. Abro a caixa de ferramentas à esquerda da barra de entrada. Em vez de escolher “Criar Imagem” ou “Deep Research”, seleciono o modo agente e estou pronto para começar: preciso de calças novas.

Então, passo o pedido para o meu novo agente: pesquise as tendências do ano e peça dois pares de calças nas cores da moda para mim. Medidas: 81 cm de cintura e 96,5 cm de comprimento. Sim, eu sou mais volumoso, mas não queria que o ChatGPT soubesse exatamente o quanto, e escolhi um tamanho de calça que é fácil de encontrar em qualquer loja e não apenas em seções para tamanhos muito grandes.

O ChatGPT começa rápido e, após alguns segundos, além de confirmar o pedido, pergunta qual o limite de preço e se tenho uma marca em mente. Defino um valor máximo e digo que não tenho preferência para uma marca específica. Logo, ele começa a trabalhar. Dez minutos depois, meu dedicado assistente informa que pesquisou em revistas de moda, incluindo a Vogue, e me diz que as calças cargo largas e soltas estão em alta. Não me resta escolha a não ser acreditar, afinal, sou uma verdadeira vítima da moda.

Quando se trata de cores, minha referência é bem básica: preto, branco, vermelho, amarelo, verde e azul. Mas o Instyle.de cita tons como creme, bege, mousse de mocha, cinza lunar e bordô como cores da estação. É… confesso que não esperava tanta sofisticação. O agente também costuma seguir a linha dos tons pastéis.

Resultado final:

Depois da pesquisa, o ChatGPT me apresenta dois modelos de calças e o valor da compra: “Ambos os itens estão no seu carrinho. Quer prosseguir para o checkout e finalizar a compra?” A intenção é boa, mas não funcionou. O sistema pede que eu autorize a transação e avisa sobre o risco, mas nada acontece.

Quando pergunto depois, o ChatGPT explica que o carrinho só funciona enquanto eu não fecho o navegador ou a sessão. Mas eu não fechei e, mesmo assim, não deu certo. Uma pena, mas o agente conseguiu ser útil me enviando os links das calças e até se ofereceu para criar QR Codes para que eu pudesse salvá-las e acessar depois pelo celular.

Conclusão

No fim das contas, não comprei nada: calças canceladas. Mesmo assim, tenho que admitir que fiquei impressionado. O agente fez a pesquisa sozinho, encontrou produtos que atendiam exatamente ao meu pedido, trouxe preços, links e tudo em apenas dez minutos. E o melhor: foram dez minutos em que eu pude fazer outra coisa.

Experimento 2: eu quero macarrão asiático!

Eu contei ao ChatGPT que costumo comer com frequência aquele macarrão instantâneo bem processado, tipo miojo e afins. Como sempre gosto de acrescentar legumes frescos, pensei: por que não preparar tudo do zero e deixar o prato mais interessante?

Então, pedi para a IA listar os ingredientes do “macarrão de pato” e me dizer onde encontrá-los em Dortmund, onde vivo. Como alternativa, ela poderia buscar tudo pela internet e colocar os itens na minha cesta de compras novamente. Durante a tarefa, é possível ver o agente organizando o pedido, pesquisando em vários sites, aceitando cookies e navegando pelas páginas.

O resultado final:

Na primeira etapa, o ChatGPT identifica o que vem no pacote e lista o que eu precisaria ter para recriar o prato em casa. Como sou preguiçoso e não queria tirar várias capturas de tela da tabela de ingredientes, pedi para que ele gerasse um resumo visual em forma de imagem. Funcionou quase perfeitamente, mas ainda apareceu um ou outro erro de digitação. Isso, porém, tem mais relação com o próprio GPT do que com o modo agente. Ah, e vale mencionar que comecei esses testes usando o GPT-4, e ainda não o novo GPT-5.

Tabela de ingredientes frescos e substitutos para macarrão asiático, incluindo categorias e sugestões.
Com exceção de alguns pequenos erros de digitação, a tabela parece bastante correta. / © nextpit

A IA me informa onde posso encontrar os ingredientes na minha cidade. A resposta soa um pouco limitada, já que sugere apenas um supermercado asiático, mesmo havendo vários outros mais próximos. Em seguida, ela lembra que muitas redes de desconto convencionais também vendem boa parte dos produtos necessários.

Depois disso, o agente inicia o pedido. O processo lembra muito o que aconteceu no teste das calças: todos os itens vão para a cesta de compras, exceto o próprio macarrão. Segundo o “atrevido” suporte da IA, eu deveria comprá-lo presencialmente. Mais uma vez, não consigo finalizar a compra. Aperto o botão indicado, nada acontece e continuo de estômago vazio. Aliás, ao clicar, recebo uma mensagem do tipo: “por favor, prossiga. Não faça perguntas adicionais de acompanhamento”. Tudo bem, não farei. A pesquisa foi excelente de novo, mas o resto deixou a desejar.

Experimento 3: a tela de carregamento do Amiga

Eu realmente queria que meu agente criasse para mim uma animação de carregamento como aquelas que apareciam nos computadores Amiga ao iniciar um jogo. Na época, surgiam textos pixelados na tela indicando qual equipe de hackers era “a melhor”, acompanhados de piadas visuais e aquela trilha sonora característica de 8 ou 16 bits tocando ao fundo.

Mais uma vez, o ChatGPT faz algumas perguntas de acompanhamento para entender melhor o pedido e, em seguida, começa a trabalhar.

Resultado final:

Uma cena escura no espaço com formas coloridas e o texto 'Casi e sua ótima revisão do Agente ChatGPT.'
Para não te incomodar com um GIF minúsculo, aqui está uma captura de tela. / © nextpit

O ChatGPT cria algo próximo do que pedi e entrega a música em um arquivo separado. Ambos funcionam de imediato, mas preciso ajustar o áudio e a animação em um editor de vídeo à minha escolha, pelo menos é isso que meu amigo de IA afirma. É possível ver uma captura de tela, e basta você acreditar que o texto rola pela imagem e que os OVNIs se movem como solicitado.

No fim, a última etapa, de unir animação e trilha sonora em um vídeo, não é concluída por ele. Ainda assim, nada que eu não possa resolver no editor de vídeo do meu celular.

Experimento 4: um jogo espacial

Depois do meu primeiro sucesso na codificação, me senti superconfiante e pedi para o ChatGPT criar um jogo espacial no modo agente. Minha instrução foi simples: “por favor, faça um joguinho pequeno em que eu possa derrubar naves espaciais”. Esse foi o prompt completo, nada além disso. Logo, veio uma pergunta: “você prefere um jogo para navegador, feito em Javascript, ou um para desktop, usando Python?”. Optei pela versão para navegador.

O agente também quis saber se eu queria só uma mecânica simples de tiro ou se tinha alguma ideia diferente. Quando me perguntam isso, claro que eu quero armas especiais.

Resultado final:

Em três minutos, o ChatGPT criou um jogo seguindo minhas instruções simples. Sim, é um jogo básico, mas que funciona! No começo, não consegui rodar no meu celular, então o ChatGPT listou as linhas de código HTML para que eu mesmo pudesse salvar como arquivos .html.

Uma tela de jogo mostrando uma pontuação de 4400 com obstáculos vermelhos e um jogador triangular azul na parte inferior.
Bem, não é graficamente exuberante. Mas o ChatGPT criou um jogo sozinho em 180 segundos. Parabéns! / © nextpit

O jogo é emocionante? Sim, por uns dois minutos. Consegui derrubar naves espaciais e usar armas especiais? Com certeza! O agente também me deu uma explicação sobre o que cada botão faz, o que foi bem útil. Como o jogo funciona? Exatamente como eu pedi: posso me mover para os lados na parte de baixo da tela e atirar para cima, de onde aqueles alienígenas insistentes aparecem para me atacar. O jogo tem uma vibe meio Atari de 1982, e foi justamente isso o que eu queria!

Experimento 5: minha própria música

Gosto de reclamar de música feita por IA, mas também adoro fazer experimentos com ela. Então, deixei a IA cuidar disso para mim. Meu objetivo era compor uma música sobre um cara legal que trabalha como jornalista de tecnologia. Também queria que a arte da capa combinasse com o tema.

O resultado final:

A letra funcionou imediatamente, quer um trecho?

Cada gadget conta uma história, cada atualização o faz sorrir. Ele transforma o mundo dos bits e bytes em poesia e estilo.

Encantador! E o design da capa da música, chamada “Ink & Silicon Hearts”, ficou incrível também.

Uma silhueta de uma pessoa usando um laptop cercada por símbolos digitais, representando tecnologia e comunicação.
A capa da música, com certeza, corresponde às minhas expectativas artificiais. / © AI-generated

A única coisa que falta é a música em si, e isso seria uma verdadeira jornada. No começo, o download falhou várias vezes. Então, o ChatGPT tentou enviar a música de novo. Quando continuou sem funcionar, a IA começou a tentar descobrir o problema. Perguntou, por exemplo, qual dispositivo eu estava usando e se eu acessava o ChatGPT pelo app ou navegador.

Foi aí que o ChatGPT teve uma ideia: os arquivos WAV podem ser muito grandes para o meu celular, então resolveu criar um MP3. Isso funcionou, mas só na segunda tentativa, porque a música anterior já não estava mais disponível. Então, a IA, toda ambiciosa e persistente, fez uma nova música. Eu baixei, toquei e ouvi: um som contínuo, com apenas dez segundos de duração.

Novo plano! Agora o ChatGPT quer realmente me transformar em um sucesso. Pergunta de novo o que eu quero, e eu explico melhor: a música tem que soar eletrônica, com aquele estilo dos anos 1980, meio Depeche Mode, e dessa vez, por favor, com vocais. Quero que seja rápida e animada.

O que recebi foram alguns segundos de zumbidos que mais pareciam uma demo do meu antigo Amiga do que música de verdade. O ChatGPT tentou de novo, confirmou o que eu queria, mas avisou que ia demorar mais, cerca de uma ou duas horas de espera.

Desde então, estou esperando. Perguntei no meio do caminho o que havia acontecido e responderam: “que coincidência, acabei de terminar”. Mas o link para download não funcionou: “Arquivo expirado”. E aí, estou esperando de novo. Por enquanto, o experimento de criar músicas falhou.

Experimento 6: minha apresentação de jornalista

Depois daquele fracasso, decidi tentar uma última vez. Queria uma apresentação para que meus chefes pudessem ver os ótimos artigos que já escrevi, mesmo os que foram publicados fora da NextPit. Também queria que o ChatGPT destacasse meus pontos fortes e meu estilo de escrita. Pedi que tudo isso ficasse em no máximo dez slides.

Resultado final

Antes de tudo, tiro o chapéu para o ChatGPT. A IA conseguiu resumir na apresentação que criei a minha habilidade de unir tecnologia com um contexto social. A conclusão reforça que eu explico temas complexos, os organizo de forma crítica e adiciono um toque pessoal. Meus muitos anos de experiência, minha forma de contar histórias e até meu senso de humor também foram mencionados.

Mas olhando com mais atenção, algumas coisas me preocupam. Durante o processo, apareceu uma imagem de capa muito legal como destaque principal. Na apresentação final, ao lado do meu nome, ficou só um trecho sem sentido de uma imagem de um artigo que usei uma vez. A seleção das matérias também deixou a desejar. Eu queria um panorama do meu trabalho, mas o agente analisou basicamente apenas alguns textos bem recentes.

Foram escolhidos quatro artigos da NextPit e um do meu blog pessoal. Esses textos foram resumidos com alguns pontos-chave. Só que esse resumo não era exatamente o que eu esperava para a apresentação. Duas imagens adicionais não aparecem. Ainda assim, o índice com a imagem do artigo ficou realmente bonito:

Uma pessoa está em pé diante de uma esfera brilhante em uma sala de alta tecnologia com telas de dados. Texto sobre superinteligência.
Simples, claro e não exatamente o que eu queria: minha apresentação criada pelo agente. / © nextpit

Resumindo, não consegui exatamente o que eu queria. Mesmo assim, foi criada uma apresentação que posso abrir no PowerPoint e em outras ferramentas, respeitando o limite de 10 slides. Também há uma seção de resumo que organiza meu trabalho por categorias. Por isso, eu diria que o teste foi um sucesso, e que teria dado ainda mais certo se eu tivesse caprichado mais nas sugestões.

Minha conclusão

A OpenAI faria bem em destacar dois pontos: o agente ainda está em uma fase inicial e existem outros riscos além do uso comum do ChatGPT. Afinal, o agente funciona de forma bastante autônoma no navegador e, ao menos na teoria, poderia até fazer compras. Na prática, não consegui concluir essa etapa, então o pagamento não foi possível nos meus testes.

Quando o assunto é pesquisa, o agente realmente me ajudou, seja para planejar um passeio pela cidade, comprar uma calça nova ou encontrar ingredientes para uma receita. A economia de tempo já impressiona. Os programas do agente reúnem tudo que é necessário de acordo com o pedido, e percebi outro ponto positivo: ele busca soluções sozinho quando algo não funciona. Sempre encontra um jeito de fazer funcionar aquilo que antes dava erro.

Então, se você testar o modo agente hoje, com um pouco de sorte, vai conseguir um jogo simples ou uma música bem ruim. O agente também é ótimo como ferramenta de pesquisa. Mas para qualquer outra coisa, é importante lembrar que essa função ainda está longe de estar pronta. Por isso, ainda não vale a pena pagar por uma assinatura cara só por isso. Mesmo assim, é uma aposta para o futuro e mostra o que a OpenAI pode tornar possível muito em breve.

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