Num cenário em que a tecnologia da informação está cada vez mais enraizada em todos os campos do conhecimento, o uso da inteligência artificial tem sido alvo de debates constantes no meio acadêmico, inclusive na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) . Com isso em mente, a Fundaj, por meio da sua Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes), promoveu na segunda-feira (28/04) a palestra “IA e Ciências Sociais: explorando fronteiras entre dados e significados”, na Sala Calouste Gulbenkian, no campus Gilberto Freyre, em Casa Forte. Ministrado pelo professor Hugo Barbosa, da University of Exeter, do Reino Unido, o encontro também contou com transmissão ao vivo pelo canal da Fundaj no YouTube.
Sobre o tema da inteligência artificial, o diretor de Pesquisas Sociais, Wilson Fusco, ressaltou a importância de tratá-lo dentro de uma instituição de pesquisas sobre a realidade brasileira como a Fundação Joaquim Nabuco em um cenário cada vez mais saturado com dados e modelos para interpretá-los. “A Fundaj, com sua tradição de estudos sobre educação, ambiente, desigualdade, mobilidade e políticas públicas, se apresenta como espaço privilegiado para esse tipo de debate, capaz de reunir visões interdisciplinares e promover diálogos entre ciência, tecnologia e sociedade”, afirmou.
Durante a apresentação, o professor trouxe reflexões sobre como as ferramentas de inteligência artificial generativa podem impactar a produção de conhecimento nas Ciências Sociais, em especial com a capacidade ampliada de coleta e análise de dados e detecção de padrões e tendências. Hugo ressaltou, no entanto, que a IA não consegue compreender nuances de significado na interpretação dos dados, o que é fundamental para a produção de pesquisas nesta área do conhecimento.
O professor convidado também abordou riscos éticos relacionados ao uso de modelos de inteligência artificial, como a reprodução de visões enviesadas pelo algoritmo e a tentativa de uso da IA para a produção de conhecimento novo. “A inteligência artificial não gera conhecimento. Aquilo que ela consegue gerar é o que foi usado no treinamento. Se a gente pensa que vai usar a inteligência artificial para propor uma ideia nova, ela muito provavelmente vai alucinar em vez de gerar algo que seja significativo”, esclarece Barbosa.
Além do diretor da Dipes, que mediou o encontro, acompanharam a mesa o chefe do Gabinete Institucional da Presidência da Fundaj, José Amaro Barbosa, pesquisadores da instituição e docentes e alunos do Mestrado Profissional de Sociologia em Rede Nacional (ProfSocio). O evento dá continuidade ao o debate sobre a inteligência artificial na Fundação Joaquim Nabuco, iniciado em 2024 com o seminário “Inteligência Artificial e Caminhos da Educação” e a sessão Diálogos Interinstitucionais na Fundaj.
A palestra está disponível na íntegra no canal da Fundação Joaquim Nabuco no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=yRpDlQWZXl0