O Paraná iniciou a fase mais avançada do Programa Olho Vivo para integrar as câmeras com inteligência artificial (IA), com cruzamento automático de dados e monitoramento em larga escala. Com investimento de R$ 400 milhões, o estado começou a instalação das primeiras 1,5 mil câmeras inteligentes, previstas para entrar em operação até o início de 2026. Outras 20 mil serão adquiridas pelos municípios com repasses estaduais, somando-se às 5 mil já em uso. Ao final, a rede chegará a 26,5 mil pontos, segundo o governo, a maior estrutura de vigilância pública baseada em inteligência artificial do país.
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Ao anunciar a ampliação, o governador Ratinho Junior (PSD) afirmou que o uso de IA consolida “um salto tecnológico” na capacidade de resposta do Paraná. “A tecnologia permite identificar suspeitos e situações em segundos, mesmo quando não há informação completa sobre o autor do delito, garantindo um trabalho policial mais ágil e preciso”, disse o governador.
A nova fase marca a adoção de um modelo de investigação assistida: as câmeras deixam de depender exclusivamente da observação humana e passam a utilizar algoritmos que analisam imagens, padrões e trajetórias. O projeto-piloto em Almirante Tamandaré, ativo desde agosto, mostrou o potencial da ferramenta. O município registrou aumento de 225% na recuperação de veículos e mais de 30 ocorrências elucidadas com apoio direto do sistema.
Como funcionam as câmeras com IA
A tecnologia permite buscas por descrições como “carro branco com adesivo lateral” ou “moto com parachoque amassado”, cruzando simultaneamente registros de todas as câmeras integradas. Para o secretário de Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira, o sistema complementa e não substitui o trabalho policial. “A IA vem para somar ao agilizar o cercamento digital, mas o agente continua sendo fundamental”, afirmou. Ele destaca que o monitoramento de pessoas será restrito a procurados, sempre sob regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O superintendente-geral de Governança de Serviços e Dados, Leandro Moura, explica que a ferramenta evolui para uma análise cada vez mais autônoma. “A plataforma passa a investigar sozinha e gerar alertas automáticos, permitindo que o policial aja com mais rapidez e precisão”, disse.

Expansão começa por 22 cidades e inclui áreas de maior fluxo
A instalação inicial contempla 22 municípios da Região Metropolitana de Curitiba, do Litoral e de polos estratégicos como Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu. Juntas, essas cidades concentram metade da população do estado. A escolha também considera o grande fluxo de pessoas no fim de ano e durante a temporada de verão.
O modelo prevê repasses a fundo perdido para que prefeituras adquiram os equipamentos seguindo padrões definidos pelo estado. Os municípios devem elaborar projetos de instalação, mapear pontos estratégicos e integrar suas redes ao sistema central, operado por policiais capacitados e auditáveis. As imagens serão armazenadas por 90 dias, com possibilidade de ampliação em casos previstos em lei.
Além das áreas urbanas, as câmeras com IA também serão posicionadas em rodovias, reforçando o combate ao tráfico, receptação e contrabando. O governo aposta que, com a expansão, o Paraná se aproximará de modelos internacionais de referência, como os do Reino Unido, Singapura e Nova York, onde o uso massivo de análise inteligente reduziu tempos de resposta e ampliou a resolução de crimes.


