Kamilla Moraes Alves é formada em Química Industrial e mestre em Química pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente, ela está cursando doutorado em Química Farmacêutica Medicinal, com foco no desenvolvimento de novos medicamentos para o tratamento de doenças negligenciadas. Em sua pesquisa, Kamilla utiliza inteligência artificial para desenvolver métodos inovadores no combate à esquistossomose.
A CAS é uma divisão da American Chemical Society (ACS), uma das editoras que mantém contrato com a CAPES para fornecimento de conteúdos no Portal de Periódicos. Cada embaixador atuará como porta-voz de divulgação da CAS SciFinder, uma ferramenta de pesquisa que dá acesso à coleção completa da CAS. Segundo a organizadora do programa, o objetivo é tornar a comunidade acadêmica ainda “mais eficaz e produtiva em pesquisa”.
Sobre o que é a sua pesquisa?
A esquistossomose é uma doença negligenciada que representa um grave problema de saúde pública, especialmente em áreas tropicais e subtropicais. Atualmente, o único medicamento disponível para seu tratamento é o praziquantel. Embora eficaz, o fármaco apresenta limitações: Não é eficaz contra vermes juvenis e esquistossômulos, e já foram relatados casos de resistência ao remédio. Por isso, é urgente o desenvolvimento de novos remédios para o tratamento.
O objetivo do meu trabalho é contribuir para a descoberta de novos inibidores da enzima Schistosoma mansoni diidroorotato desidrogenase (SmDHODH), essencial para o ciclo de vida do parasito causador da esquistossomose. Para isso, adoto uma abordagem integrada que combina técnicas computacionais avançadas e inteligência artificial (IA). Na etapa final, avaliamos a atividade antiparasitária dos compostos sintetizados.
Este trabalho não busca apenas ampliar o arsenal terapêutico contra a esquistossomose, mas também contribuir para o desenvolvimento de abordagens inovadoras no planejamento de fármacos. Ao utilizar o poder da inteligência artificial e da química medicinal, facilitamos todo o processo de desenvolvimento de fármacos para novas soluções contra a doença.
Qual o ciclo de vida do parasita da esquistossomose?
A esquistossomose é causada por parasitos do gênero Schistosoma. O ciclo de vida do parasita começa quando os ovos são liberados nas fezes ou na urina de pessoas infectadas e acabam em corpos d’água, como rios ou lagos. Nesses ambientes, os ovos eclodem e liberam larvas que infectam caramujos de água doce. Dentro dos caramujos, as larvas se desenvolvem e são liberadas na água, capazes de penetrar a pele humana. Elas migram pela corrente sanguínea e se dirigem ao fígado e aos vasos sanguíneos próximos. Lá, se desenvolvem em vermes adultos, que se alojam principalmente nos vasos sanguíneos do sistema hepático, intestino ou bexiga. Os vermes adultos produzem ovos que, ao serem liberados, podem causar inflamação e danos nos tecidos.
O que vale destacar de mais relevante na sua pesquisa?
O aspecto mais relevante da minha pesquisa é o desenvolvimento de inibidores inovadores para a enzima Schistosoma mansoni diidroorotato desidrogenase (SmDHODH), utilizando técnicas computacionais avançadas e inteligência artificial. Este trabalho representa uma abordagem inovadora na luta contra a esquistossomose, uma doença negligenciada, ao buscar alternativas terapêuticas mais eficazes e seguras que o tratamento atual. Além disso, minha pesquisa não apenas amplia o entendimento científico, mas também oferece esperança renovada para milhões de pessoas afetadas por essa enfermidade ao redor do mundo.
De que forma a sua pesquisa pode contribuir para a sociedade?
Minha pesquisa pode contribuir significativamente para a sociedade ao desenvolver novos fármacos que ampliem as opções de tratamento para a esquistossomose, uma doença que afeta milhões de pessoas em áreas tropicais e subtropicais, frequentemente em populações vulneráveis e negligenciadas. Ao criar inibidores mais eficazes e com menos efeitos colaterais, este trabalho pode melhorar a qualidade de vida dos pacientes, reduzir a carga da doença e, potencialmente, salvar vidas. Além disso, o uso de técnicas inovadoras, como inteligência artificial e aprendizado de máquina, pode abrir caminho para avanços na descoberta de medicamentos, beneficiando a pesquisa científica e o setor farmacêutico como um todo.
De que forma a bolsa da CAPES contribui para sua formação?
A bolsa da CAPES tem um papel fundamental na minha formação, permitindo que eu me dedique integralmente à pesquisa e ao desenvolvimento de novos fármacos para o combate à esquistossomose. Com o suporte financeiro da CAPES, consigo acessar recursos essenciais, como materiais de laboratório, softwares especializados e oportunidades de participação em conferências e cursos, que são cruciais para o aprimoramento das minhas habilidades técnicas e científicas. Além disso, a bolsa proporciona estabilidade financeira, o que me permite focar completamente na minha pesquisa, acelerando o progresso dos meus estudos e potencializando o impacto dos resultados na sociedade.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).
(Brasília – Redação CGCOM/CAPES)
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