Assine a la revista National Geographic agora por apenas 4€ por mês .
Fred Ritchin anda a pensar no futuro da fotografia há quase 50 anos. Começou por reparar nas mudanças ocorridas neste suporte em 1982, quando era editor de imagens na The New York Times Magazine . Em 1984, escreveu um artigo intitulado “Os novos truques da fotografia” , sobre as consequências da tecnologia de edição digital no fotojornalismo contemporâneo . Nas décadas volvidas desde então, assistiu à transição dos primórdios da edição de imagem digital para as imagens criadas com IA, uma área na qual amadores e profissionais podem recorrer a serviços digitais para gerar imagens realistas.
À medida que as imagens de IA se tornam cada vez mais comuns, Fred considera que as pessoas têm de encontrar novas formas de confirmar que podem acreditar naquilo que vêem . Como é evidente, as imagens criadas por IA não apareceram do nada. Fred traça um fio condutor entre as conversas contemporâneas sobre as melhores práticas na utilização de IA com as conversas que havia antes do advento do Photoshop , quando se discutia se os jornalistas deveriam revelar que alteravam as fotografias. Nos primeiros tempos da edição digital, a National Geographic foi criticada por ter aproximado digitalmente as pirâmides de Guiza , na imagem da capa da edição de Fevereiro de 1982. Hoje, os fotógrafos da revista têm de fotografar em formato RAW , uma configuração que capta imagens não-processadas e não-comprimidas, e a revista tem uma política estrita contra a manipulação de imagens.
Na opinião de Fred Ritchin, redactores, editores e fotojornalistas reagem aos desafios da IA definindo padrões claros . As marcas de máquinas fotográficas e a comunicação social começaram a desenvolver opções para incluir automaticamente metadados e outras marcas de água para revelar quando uma imagem foi captada e se foi alterada através de edição digital ou IA . Embora Fred Ritchin não peça uma rejeição total da IA, ele espera reinventar a singular influência outrora exercida pela fotografia nas nossas vidas pessoais e políticas.
Vejamos a fotografia que Nick Ut captou de uma rapariga vietnamita que fugia, nua, de um ataque com napalm, captada em 1972, numa época em que uma única imagem conseguia chamar a atenção de todo o mundo . “O general William Westmoreland tentou dizer que fora um acidente. O presidente Richard Nixon quis negá-lo”, lembra Fred Ritchin. Mas a fotografia “ajudou a acabar mais depressa com a guerra , e as vidas de muitas pessoas [não] se perderam. Isso é muito importante… Mas agora, podíamos olhar para aquilo e pensar: algum miúdo de 14 anos numa garagem em qualquer lado pode ter feito isto; não vai mudar o meu voto.”