polícia está usando IA no trabalho – e resultados preocupam

A inteligência artificial (IA) já está no setor de tecnologia, saúde, veículos e não demorou para que também chegasse à segurança. Mais especificamente, nos departamentos de polícia: uma tecnologia que transcreve áudios de policiais está sendo usada para escrever relatórios em alguns locais dos Estados Unidos.

Se por um lado a polícia está feliz com a agilidade e eficiência dos documentos usando IA, especialistas se preocupam com as consequências dessa abordagem.

Imagem mostrando metafóricamente um signo da polícia que é a sirene
Primeiros registros de uso do Draft One vieram dos Estados Unidos (Imagem: Pexels)

Polícia dos EUA está usando IA em relatórios

A Associated Press descreveu uma situação em que a IA foi útil para policiais estadunidenses: um sargento da polícia de Oklahoma City, no Estado de Oklahoma, estava usando uma câmera corporal que captou áudios de busca por um suspeito que durou cerca de uma hora.

Ele levaria entre 30 e 45 minutos para escrever um relatório sobre a situação, mas recorreu à IA. A conversa inteira, incluindo os latidos do cão da polícia, foi transcrita em oito segundos.

Segundo Matt Gilmore, o sargento em questão, o resultado foi “100% preciso”. Ele também afirmou que a IA incluiu uma informação que ele não lembrava de ter escutado no áudio: a menção da cor do carro no qual os suspeitos fugiram.

De acordo com a agência, o departamento de polícia da cidade é um dos poucos a experimentar a tecnologia e está satisfeita com os relatórios feitos com IA e com a economia de tempo.

O que é a IA usada pela polícia estadunidense

A tecnologia em questão é o DraftOne, sistema de IA da Axon construído no mesmo modelo de linguagem que alimenta o ChatGPT, da OpenAI. Isso porque a desenvolvedora é parceira comercial da Microsoft, provedora de computação em nuvem da Axon.

No entanto, segundo Noah Spitzer-Williams, que gerencia os produtos de IA da empresa, há ajustes para evitar que o sistema embeleze as respostas ou alucine da mesma forma que o ChatGPT. Rick Smith, CEO da companhia, defende o uso do sistema. Para ele, os policiais querem fazer trabalho policial, não a parte tediosa dos relatórios. A tecnologia os dá tempo para isso.

O DraftOne não é o primeiro produto da Axon a ser usado na polícia. A empresa é conhecida pelo Taser, arma de choque usada para imobilizar pessoas. Veja o vídeo de apresentação da IA:

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Especialistas se preocupam

Mas nem todos concordam com os benefícios da IA no trabalho policial. Smith admite que há preocupações por parte dos tribunais e do setor jurídico. Afinal, se o policial precisar testemunhar sobre algum caso, não pode alegar que seu relatório foi escrito pela IA sem sua ciência.

Já o ativista comunitário Aurelius Francisco tem outra preocupação. A polícia já emprega tecnologias, como reconhecimento facial, detecção de sons de tiro e leituras de placas de veículos, que, além de enfrentarem problemas de privacidade, geram questões sobre preconceitos raciais algorítmicos.

Ele acredita que o uso da IA pode ser mais uma preocupação ao “facilitar a capacidade da polícia de assediar, vigiar e infligir violência a membros da comunidade”, principalmente em pessoas negras e pardas.

Demonstração do relatório do Draft One sobre um caso em Indiana (Imagem: Reprodução de tela/Axon)

Como está a aplicação da IA na polícia americana

  • Nem todas as cidades dos Estados Unidos adotaram a IA;
  • Em Oklahoma City, o departamento de polícia foi aconselhado a usar a tecnologia com cautela e apenas em relatórios de casos menores, que não levam à prisão de ninguém;
  • Esse não é o caso em Lafayette, cidade em Indiana, onde o chefe de polícia afirmou à agência que todos seus funcionários podem usar o DraftOne em qualquer tipo de caso desde o início do ano;
  • Em Fort Collins, Colorado, o sargento também revelou que permite que seus policiais usem a IA em qualquer tipo de caso. Porém, eles repararam que o sistema não funciona tão bem em operações em bares ou locais muito movimentados por causa do barulho excessivo.

Axon também experimentou visão computacional para polícia – mas deixou de lado

A Axon também chegou a testar a visão computacional do sistema, que pode descrever o que é visto nas filmagens. A empresa admitiu que isso ainda não deu certo, considerando “sensibilidade em torno do policiamento, raça e outras identidades das pessoas envolvidas”.

Segundo o CEO, alguns dos resultados nos testes não chegaram a ser “abertamente racistas”, mas se mostraram insensíveis em diversas abordagens. Por enquanto, a IA da Axon foca apenas na transcrição do áudio.



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