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Imagem: Integranres da Caravana UFC 70 Anos nas margens do açude Cedro, um dos símbolos de Quixadá (Foto: Ribamar Neto/UFC)

Nos duros períodos de seca severa, a estiagem embaraçava a vida sobre os solos áridos e obrigava os sertanejos a buscar melhor sorte longe de suas terras. Rachel de Queiroz, escritora que tão bem soube relatar a dor desses tempos, tinha no sertão de Quixadá um refúgio, onde passava meses, fossem eles de anos secos ou chuvosos. A fazenda de sua família foi batizada com um nome que também fazia as vezes de um apelo: Não Me Deixes. Foi lá que a Trupe Sertão, da Caravana UFC, iniciou sua jornada pelas veias abertas do Ceará.

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O sertão continuou em movimento, mas seria possível dizer que, agora, em sentido contrário. Ao invés de ver seu povo retirar-se, Quixadá hoje observa a chegada de muitos novos moradores, que vêm em busca do que já se costuma chamar, nestas terras, de “Vale do Silício do Sertão”, epíteto que surge com o sucesso do campus temático em tecnologia da informação e comunicação (TIC) da Universidade Federal do Ceará. E quem é daqui sente que a busca por um futuro melhor já não leva, necessariamente, para outros destinos geográficos.

Imagem: Integranres da Caravana UFC 70 Anos nas margens do açude Cedro, um dos símbolos de Quixadá (Foto: Ribamar Neto/UFC)

Como que atendendo ao pedido centenário da fazenda de Rachel de Queiroz, Virgínia Farias decidiu não deixar Quixadá. Natural do município, ela ingressou, em 2008, na segunda turma do Curso de Sistemas de Informação, no então recém-criado campus da UFC em Quixadá. “Eu sabia que a UFC tinha se instalado aqui, mas não tinha nem ideia do que era TI [tecnologia da informação]; só sabia que era uma coisa boa. Como eu gostava [das áreas] de exatas, resolvi me aventurar”, relembra.

E a aventura deu certo. Ainda estudante, começou a trabalhar como programadora em uma empresa de tecnologia do município e, logo depois, já formada, foi técnica-administrativa da UFC e, em 2022, passou em concurso da Controladoria Geral da União (CGU), na área de TI. Com a oportunidade do trabalho remoto, resolveu não deixar o seu sertão, e hoje trabalha de Quixadá.

Imagem: Virgínia Farias, egressa do Campus de Quixadá, posando para foto em área externa do campus (Foto: Ribamar Neto/UFC)

“Quando entrei, o campus ainda estava começando. No fim das contas, percebi que a Universidade é formada por pessoas, pois não tínhamos ainda a melhor infraestrutura, mas tínhamos excelentes professores e técnicos. E esse fator foi determinante para meu desenvolvimento como profissional”, avalia.

POLÍTICA PÚBLICA CORAJOSA – Virgínia contou sua história no evento de abertura da Caravana UFC 70 no Campus de Quixadá, ocorrida na manhã dessa segunda-feira (12). O reitor Custódio Almeida brincou que aquelas turmas foram “cobaias” de “uma política pública corajosa” que foi a interiorização das universidades. E toda a comunidade universitária de Quixadá, afirmou, provou que o projeto era possível.

Imagem: Reitor Custódio Almeida falando em um auditório, com muitas pessoas presentes (Foto: Ribamar Neto/UFC)

“O Campus de Quixadá é um sucesso. Nós conseguimos criar oportunidades para pessoas que só precisavam disso para mostrar seu potencial. No fim das contas, o motor dessa coragem de interiorização é saber que a Universidade vai emancipar aquela localidade. Instalar a UFC no Sertão é saber que esse Sertão pode sistematizar sua inteligência e promover o novo”, destacou.

E celebrando esse novo, o reitor aproveitou a ocasião para anunciar que o curso de Design Digital, em Quixadá, acabara de ser avaliado com conceito 5 pelo Ministério da Educação (MEC). Trata-se do primeiro e único curso do tipo no Brasil. “Tivemos a ousadia de instalar um curso novo de TI no Sertão Central e conseguimos o feito de sermos avaliados com nota máxima”, comemora.

PERMANÊNCIA – O sucesso do campus de TI em Quixadá também tem permitido que estudantes de cidades vizinhas consigam permanecer na região, preparando-se para profissões cada vez mais demandas no mercado. É o caso de Ramiro Dantas, 20, do município de Acopiara e estudante do quinto semestre de Engenharia da Computação no Campus de Quixadá. “Quando eu saí do Ensino Médio, queria fazer Engenharia Mecânica, só que não era possível, porque eu não tinha condições de ir pra Fortaleza. Então, o Campus de Quixadá acabou sendo uma boa escolha, porque eu conseguiria me manter aqui de forma melhor, e tem um curso que eu gosto muito, que é Engenharia da Computação”, lembra o aluno.

Imagem: Ramiro Dantas, estudante de Engenharia da Computação, posando para foto em área externa do Campus de Quixadá (Foto: Ribamar Neto/UFC)

Segundo ele, sua permanência na cidade e na Universidade só tem sido possível por conta do Auxílio-Moradia, que recebe da UFC há cerca de um ano. O auxílio é hoje uma das principais ações de assistência estudantil da Universidade, na capital e no Interior.

Uma das mais importantes atividades do ciclo comemorativo dos 70 anos da Universidade Federal do Ceará, a “Caravana UFC 70 anos” iniciou seu trajeto no último domingo (11). Até o fim de setembro, dois ônibus da Caravana circularão por várias regiões do Ceará, com programação que inclui eventos abertos à população e produção de conteúdo jornalístico multimídia.

CONHECER O SERTÃO – O estudante Leandro Rodrigues, quando soube da oportunidade, não quis deixá-la passar. Aluno do quarto semestre de Geografia da UFC, em Fortaleza, ele viu na Caravana uma grande chance de conhecer o sertão cearense, observando de perto suas paisagens, flora e fauna. ”Participar da Caravana tem sido muito importante para mim, porque conhecer o Sertão é conhecer o Ceará, as riquezas do nosso Estado. Eu queria vir para poder romper com os estereótipos que a gente tem sobre o Ceará e, principalmente, saber até onde vai a nossa Universidade”, aponta Leandro, que está acompanhando a Trupe Sertão.

Leandro Rodrigues, estudante de Geografia em Fortaleza, sentado em um parapeito nas proximidades do açude Cedro (Foto: Ribamar Neto/UFC)

Nos três primeiros dias da caravana, juntamente à trupe, Leandro conheceu a Fazenda Não Me Deixes, assistiu ao seminário sobre a interiorização da Universidade no Campus da UFC em Quixadá, participou de oficina de cianotipia na Fazenda Majé, onde também percorreu uma trilha, e acompanhou uma série de apresentações de trabalhos e projetos relacionados à TI desenvolvidos no campus.

CARAVANA SEGUE O RUMO – A Caravana UFC 70 anos é uma realização da UFC, da Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura (FCPC), do Grupo de Comunicação O Povo, da Fundação Demócrito Rocha e da Companhia de Comunicação e Informação.

O intuito da Caravana é mostrar a presença e a importância da UFC em todo o Ceará, mesmo nos municípios que não possuem campus da Instituição. Durante 40 dias, a UFC volta a percorrer os territórios de onde saiu parte dos seus egressos, os lugares para onde ela se expandiu e aonde ela ainda quer chegar.

Dois ônibus identificados com a identidade visual da Caravana UFC 70 anos estão percorrendo duas rotas simultâneas Ceará adentro, denominadas Trupe Atlântica e Trupe Sertão. A Trupe Sertão, que percorre o semiárido cearense, sai nesta quarta-feira de Quixadá e segue para Quixeramobim, dando continuidade à rota que passará por mais de 50 cidades.

A Trupe Atlântica segue pelo litoral leste, com a primeira parada no município de Aquiraz e a última em Russas, onde está localizado um dos cinco campi da UFC no Interior. Percorrida a rota inicial, o grupo pegará a estrada rumo ao litoral oeste, passando por cerca de 15 cidades.

Fonte: Secretaria de Comunicação e Marketing da UFC – e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.

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