Com os dois anos iniciais cumpridos, Bolsonaro contabilizava 361 processos instaurados, 299 concluídos e quase 140 responsabilizações registradas em todos os órgãos federais. Entre 2019 e 2020, 50 pessoas sofreram sanções expulsivas. A situação mudava de figura nos Ministérios, onde 22 ações foram concluídas, ao menos três resultaram em alguma forma de ajustamento de conduta e duas pessoas foram suspensas.
O UOL procurou a Secretaria de Comunicação da Presidência da República três vezes neste sábado (7). Nenhum esclarecimento foi prestado.
As pilhas de processos disciplinares instaurados pela CGU para apurar importunações sexuais são um fenômeno relativamente recente na administração pública federal. Até 2016, apenas 33 casos haviam sido contabilizados pelo painel Correição em Dados, criado em 2004. A escalada de episódios registrados começou no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), que teve 181 processos em dois anos de mandato, explodiu sob Bolsonaro e deve bater recorde com Lula.
Para Marina Ganzarolli, fundadora da organização Me Too Brazil, que denunciou o ministro Silvio Almeida, os dados da CGU revelam, na prática, a diminuição da subnotificação dos assédios.
“As pesquisas mostram que nove em cada 10 mulheres nunca denuncia”, afirmou.
“Não é que houve um aumento dos casos, houve uma diminuição da subnotificação. O que significa dizer que, muito provavelmente, a política de escuta, acolhimento, denúncia – o pipeline de política de consequência – está sendo melhor divulgado, melhor, mais estruturado e articulado”, completou.