Como a integração entre a Inteligência Artificial e as habilidades humanas pode transformar o ambiente de trabalho, promovendo inovação e segurança para colaboradores e empresas.
Por Rennan Vilar, diretor do departamento de Pessoas & Cultura do Grupo TODOS Internacional
Perguntei ao Chat GPT sobre quem tem medo da Inteligência Artificial (IA), e a resposta colocou os trabalhadores no topo da lista. Segundo o chatbot desenvolvido pela OpenAI, “trabalhadores temem que a automação impulsionada pela IA possa levar à substituição de seus empregos por máquinas”. A IA veio para ficar, então, qual é o papel das empresas neste momento de transformação tecnológica? Serem facilitadoras e incentivadoras da capacitação dos colaboradores para criar vínculos produtivos e não ameaçadores com a IA.
Em um mundo em constante transformação tecnológica, investir em capacitação e treinamento em Inteligência Artificial é essencial para a sobrevivência e o sucesso das empresas. No entanto, 45% dos líderes de companhias brasileiras consideram que a falta de expertise é o maior desafio das organizações diante da IA, segundo uma pesquisa da OrgBRTrends. Se as lideranças veem o assunto com preocupação, como ficam os colaboradores? É preciso proporcionar suporte emocional e orientação para que os funcionários se sintam seguros e capacitados para essa nova realidade.
É inegável que o uso de Inteligência Artificial pode trazer um salto nos resultados dos negócios, ao deixarmos a parte operacional para a IA, com a nossa supervisão, ganhando em produtividade e abrindo espaço para o pensamento estratégico. No último episódio do PodTODOS, o podcast da TODOS Empreendimentos, recebemos convidados para discutir a IA como parceira de negócios. Entre os temas abordados, destacamos esse ganho de produtividade, apontado como o segundo maior benefício do uso da IA pelas empresas, segundo um levantamento da Microsoft. Mas esse resultado só vem quando temos um time preparado.
Segundo Altair Vilar, Presidente do Grupo TODOS Internacional e autor do livro Administração Solidária, as empresas que sobrevivem são aquelas que se adaptam ao mercado. Por isso, entendemos que as organizações são compostas por pessoas e, para que a companhia seja adaptável ao mercado, é necessário que os colaboradores se adaptem primeiro.
Para lidar com o medo dos funcionários de serem substituídos pela IA, as empresas podem adotar uma abordagem integrada e comunicativa, explicando com transparência como a tecnologia será utilizada e os benefícios que trará tanto para a empresa quanto para os colaboradores. Reforçar que a IA é uma ferramenta de apoio, e não uma substituta, é fundamental. Outra frente importante é oferecer oportunidades de treinamento e desenvolvimento para que os colaboradores adquiram novas habilidades e se adaptem às mudanças tecnológicas, assegurando que estejam preparados para trabalhar ao lado da IA.
Na TODOS Internacional, acreditamos que o grande diferencial da ação humana em comparação com a IA é a capacidade de julgamento crítico, a empatia e a criatividade. Enquanto a IA pode processar dados e realizar tarefas repetitivas com rapidez e precisão, os seres humanos são fundamentais na análise de dados e na tomada de decisões baseadas em valores, ética e intuição. A capacidade humana de inovar, criar ideias e se adaptar a contextos variados é algo que a IA não pode replicar.
Aqui, temos a visão de que a IA complementa as capacidades humanas. Entendemos que essa tecnologia dificilmente tomaria uma decisão baseada nos valores que nossos colaboradores vivenciam diariamente. O toque final, a revisão do trabalho, a visão crítica e estratégica vêm do ser humano que conduz a IA, ensinando-a novas habilidades e criando o prompt mais assertivo possível.
Temos um programa de desenvolvimento para os colaboradores chamado Desenvolve TODOS. Por meio dele, financiamos cursos livres, graduações, pós-graduações, incluindo formações em análise de dados, e participações em eventos relacionados às áreas da empresa. Notamos o interesse dos colaboradores e gestores em cursos e eventos relacionados à IA. Além disso, no setor de Pessoas e Cultura, todos os funcionários terão formação em IA como parte de seus planos de desenvolvimento individual.
Os colaboradores que já iniciaram formações em IA relatam ganhos em assertividade e produtividade, sempre entendendo que o olhar humano jamais será substituído pela IA; pelo contrário, será complementado e potencializado por ela. Um exemplo disso é a possibilidade de a diagramação de uma apresentação no PowerPoint, que antes levava 90 minutos, ser realizada em 3 minutos pela IA, permitindo que o designer dedique mais tempo a demandas estratégicas, como uma campanha institucional para geração de cashback, nossa maior campanha interna do ano.
Por fim, embora a tecnologia evolua rapidamente, os valores de uma empresa podem ser a base para equilibrar essa volatilidade no ambiente de trabalho. Na TODOS Internacional, nossos valores estão ligados à filosofia de gestão da empresa, que chamamos de Administração Solidária. Este princípio não só orienta nossa forma de gestão, mas também define o que nossa cultura precisa para se reinventar. Guiamos nossas ações com base em seis valores:
- Relações Solidárias: A colaboração e o suporte mútuo garantem um ambiente de trabalho acolhedor e empático, essencial durante períodos de transição tecnológica.
- Crescer Juntos: Impulsionar o crescimento coletivo assegura que todos estejam preparados e qualificados para enfrentar novas demandas e desafios tecnológicos.
- Ousadia e Reinvenção: A coragem para inovar e se reinventar continuamente mantém a empresa e seus colaboradores na vanguarda das mudanças tecnológicas.
- Solidez e Segurança: A abordagem estruturada e segura nas implementações tecnológicas transmite confiança aos colaboradores, garantindo que as mudanças sejam vistas como oportunidades, e não ameaças.
- Energia para Resistir: A resiliência e o entusiasmo ajudam a equipe a enfrentar desafios tecnológicos com uma atitude positiva e proativa.
- Fazer o que é Certo: A ética e a transparência criam um ambiente de confiança, essencial para que os colaboradores se sintam seguros e valorizados durante a implementação de novas tecnologias.
A interconexão desses valores cria um ciclo virtuoso que fortalece a cultura organizacional, tornando-a adaptável ao mercado em momentos de transição tecnológica.