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Retrospectiva 2025: Ano da Inteligência Artificial prioriza cognição e felicidade.

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Camila de Lira

5 minutos de leitura

A inteligência artificial dominou o noticiário ao longo de 2025. Vieram novos modelos, como o Deepseek, e ferramentas cada vez mais presentes no trabalho. Mostramos que o número de brasileiros usando a tecnologia dobrou de 2024 para este. Perto do fim do ano, robôs humanoides deixaram o campo da ficção para ganhar espaço no mundo real. Tudo isso esteve no debate público. Ainda assim, quando se olha para o que mais chamou atenção dos leitor da Fast Company Brasil, o interesse vai para outro lugar: o esforço cotidiano de continuar pensando, aprendendo e decidindo em um ambiente cada vez mais automatizado.

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Textos sobre cognição, hábitos e felicidade ficaram no topo do ranking de audiência. Matérias como “5 hábitos para turbinar o cérebro, segundo a neurociência”, “Pessoas emocionalmente inteligentes têm estas 4 características” e “10 hábitos diários que farão você mais feliz” foram destaque. A felicidade que aparece ali não é idealizada. Ela vem associada a foco, clareza e energia.

Em busca de dicas para manter o pensamento positivo, o leitor da Fast Company Brasil procurou por termos como regras do golfinho azul , que substitui pensamentos negativos por positivos, por cursos para aprender a ser feliz e aplicativos para treinar o cérebro e melhorar a memória. E ainda olhou para matérias sobre hábitos que tornam as pessoas mais felizes e ajudam a viver melhor. O interesse não aponta para uma promessa de plenitude, mas para pequenas formas de regulação emocional em um cotidiano mais acelerado e exigente.

Não é à toa que o tema fez parte da primeira premiação da Fast Company Brasil, o inédito Human Leaders, que tratou sobre líderes que colocam o bem-estar e a felicidade dos colaboradores em primeiro lugar. 

APRENDER PARA TREINAR

No ano em que declaramos que a inteligência contextual é o próximo passo da inteligência artificial, nossos leitores procuraram como usar a IA para estudar e buscaram por livros que explicam mais a tecnologia. 

O treino do cérebro também apareceu nas buscas por aprendizado e orientação para uso da IA. Entre as mais lidas de 2025 está a que trata de formas de usar a internet gratuita da Starlink. Outras que fizeram sucesso na editoria de Tecnologia ensinam como usar tudo que o YouTube tem para oferecer ou como entender as ferramentas ocultas dos novos modelos do ChatGPT e da Perplexity

IA: USO COTIDIANO, DESCONFORTO CRESCENTE

A inteligência artificial atravessou praticamente todas as editorias. O leitor pesquisou guias, testou ferramentas, comparou modelos, buscou atalhos para ganhar tempo. Mas também se interessou pelos impactos da IA na sociedade.

Em maio, explicamos porque pegou mal para o Duolingo substituir humanos por IA. A matéria teve uma das maiores audiências – e tempo de leitura – do site.  Também despertaram interesse as primeiras pesquisas sobre como o uso de sistemas como o ChatGPT agem no cérebro e na memória, como o estudo do MIT.

A atenção do leitor da Fast Company Brasil também esteve nos desafios práticos que as grandes empresas estão enfrentando ao lidar com a IA. A substituição do guia da Coca-Cola por uma IA e o uso de rótulo de “criado por IA” da Adobe estiveram entre os destaques.

O debate sobre o chamado “veganismo de IA” – pessoas que optam por reduzir ou abandonar o uso dessas ferramentas por escolha ética, ambiental ou cognitiva teve um dos maiores tempos de leitura do site.

Esse desconforto dialoga com um pano de fundo mais amplo de 2025. Em janeiro, os principais líderes de grandes empresas de tecnologia marcarm presença nas primeiras fileiras da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos. Elon Musk trabalhou na Casa Branca até o meio do ano. Sam Altman, da OpenAI, acumulou contratos bilionários para construção de data centers e Mark Zuckerberg flexibilizou os sistemas de filtro e de moderação de conteúdo da Meta. 

A Fast Company Brasil noticiou como o bot de IA da Meta falha em proteger adolescentes e como a OpenAI vazou informações privadas nos chats. Esse contexto ajuda a entender por que a discussão sobre IA deixou de ser apenas técnica e passou a carregar também uma sensação difusa de risco e assimetria de poder.

CURIOSIDADE QUE NÃO DESAPARECE

Apesar disso, 2025 não foi um ano de pessimismo ou catastrofismo para os leitores. Houve espaço para curiosidade e antecipação. Conteúdo sobre computação quântica e robótica figuraram nas listas de mais acessadas. 

O tom, no entanto, foi menos de encantamento e mais de tentativa de entender o que é viável. Na editoria de Impacto, uma análise sobre inovação, educação e disrupção ficou entre as mais lidas, assim como matérias mais práticas, como a que fala sobre congelar baterias para ganhar eficiência energética.

Novidades como uso de baterias de carros elétricos para data centers e a solução marroquina para captar energia das ondas do mar também ficaram no radar do leitor atento da Fast Company Brasil. 

PRESENTE ETERNO

Se a tecnologia empurrou parte da conversa para frente, a crise climática trouxe tudo de volta para o agora. Em 2025, com a realização da COP30 no Brasil, o tema ganhou centralidade e apareceu nas leituras sobre energia, calor extremo e adaptação

Em 2025, os textos com mais visualizações foram os que ajudaram a regular a vida diária — hábitos, felicidade e aprendizados. Já os textos que seguraram mais tempo de leitura foram justamente aqueles que encostaram em dilemas, limites e contradições: o impacto da IA no trabalho, os custos cognitivos da automação, as tensões éticas e políticas por trás das tecnologias. O retrato que emerge dessa combinação é o de um ano vivido em ambivalência. Usar e desconfiar. Aprender e se cansar. Avançar e hesitar.

Na retrospectiva de 2025 baseada nas matérias de destaque do ano na Fast Company Brasil, a inteligência artificial foi, sem dúvida, o grande tema. Mas o gesto mais recorrente do leitor foi outro: cuidar da própria cognição, aprender o necessário, questionar excessos e tentar seguir pensando bem enquanto o mundo se reorganiza ao redor.


SOBRE A AUTORA

Camila de Lira é jornalista formada pela ECA-USP, early adopter de tecnologias (e curiosa nata) e especializada em storytelling para n… saiba mais


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