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Segurança móvel no Brasil: nova era com inteligência artificial emergente

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Fraude virou produto. O celular tornou-se agência bancária, carteira e identidade. A defesa precisa subir de patamar — e muito. O Brasil empurrou a economia digital para dentro do smartphone e criou um campo fértil para ataques rápidos, baratos e persuasivos. O salto de escala do Pix expõe o tamanho do território em disputa: em um único dia, o sistema registrou 313,3 milhões de transações e movimentou R$ 179,9 bilhões. A segurança móvel saiu da periferia e passou a sustentar a confiança.

O quadro fica ainda mais duro em episódios recentes. Uma ocorrência ligada ao Pix envolveu acessos indevidos a dados no Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud) e atingiu 46.893.242 cadastros. Na mesma cobertura, o Conselho Nacional de Justiça informou 11.003.398 pessoas afetadas. Esses números resumem uma realidade incômoda: a fraude cresce por escala, e a defesa precisa responder na mesma moeda.

O cenário pede coragem, pois força uma mudança de mentalidade: a inteligência artificial ocupa o centro da segurança móvel. Ela atua como pilar, com capacidade de antecipar padrões de fraude antes do dano financeiro, reputacional e emocional. Antivírus tradicionais, regras fixas e bloqueios manuais seguem relevantes, porém operam por reação. A fraude opera por adaptação.

O novo perfil do golpe móvel mistura engenharia social automatizada, malware bancário com mutação frequente, clonagem de identidade e abuso de credenciais. Modelos generativos elevam o golpe de mensagens genéricas para conversas sob medida. Deepfakes ampliam a eficácia de sequestros de conta e de autorizações indevidas. O alvo favorito permanece o instante de confiança — aquele segundo em que o usuário aprova um link, instala um app, escaneia um QR Code ou confirma um Pix.

Por outro lado, a defesa baseada em IA funciona por camadas. A primeira lê anomalias em tempo real: horário, geolocalização aproximada, rede, padrão de digitação, cadência de toques e velocidade de navegação. A segunda interpreta o comportamento com modelos que aprendem o “normal” de cada pessoa e de cada dispositivo, sem depender de listas rígidas de ameaças. A terceira aplica autenticação contínua, com biometria adaptativa e sinais de risco ao longo da sessão, do desbloqueio ao pagamento. Em hardware moderno, a NPU (Neural Processing Units) permite executar modelos no próprio dispositivo e reduzir a exposição de dados, com decisões mais rápidas e menor dependência da nuvem.

Essa arquitetura tem um efeito prático: interrompe o golpe antes de o usuário concluir a ação. E ela escala. Um relatório global de defesa digital descreve o volume de inteligência por trás desse modelo: 100 trilhões de sinais de segurança processados diariamente e 5 bilhões de e-mails triados por dia, em média, para proteger usuários contra malware e phishing. A escala deixa de ser luxo e vira requisito.

Esse avanço traz uma conta real. A IA sofre ataques adversariais, com tentativas de enganar modelos por perturbações sutis. Ela herda vieses dos dados e exige governança para evitar bloqueios injustos. Pede atualização constante, pois o golpe muda com o mercado. E tensiona a privacidade, tema que exige alinhamento explícito com a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). A segurança inteligente prospera com transparência de critérios, minimização de dados, trilhas de auditoria e revisão frequente.

Também existe um ponto que muita gente subestima. A segurança móvel deixou de ser assunto apenas de times de TI. Ela exige protagonismo da liderança, do CIO ao CEO, pois define risco operacional, confiança do consumidor e continuidade do negócio. Exige coordenação entre a indústria de dispositivos, bancos, operadoras e reguladores para a troca responsável de sinais de ameaça.

O Brasil tem condição de liderar essa virada por um motivo simples: o país vive uma rotina de pagamento instantâneo em escala rara. Esse ambiente produz aprendizado sobre ameaças com velocidade e diversidade incomuns, desde que o ecossistema trate a segurança como infraestrutura pública de confiança, com investimento constante em modelos, telemetria de qualidade e resposta rápida a incidentes.

A conclusão impõe uma escolha. A segurança móvel baseada em IA já virou o alicerce da economia digital brasileira e tende a definir quem cresce com confiança e quem convive com perdas recorrentes. O futuro premiará quem tratar a segurança como produto estratégico e como compromisso público, com engenharia de dados, ética e fiscalização. A era do remendo acabou. O país merece proteção preditiva, silenciosa e eficaz, à altura da sua própria ambição digital.

Cristiano de Freitas, diretor de Negócios de Mobilidade da Positivo Tecnologia.

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