Por: Lúcia Rodrigues, comunicação Fiesp
24/03/202516:08- atualizado às 16:08 em 24/03/2025
Alunos do Ensino Médio do Sesi-SP da escola de Caçapava, no Vale do Paraíba, participaram na segunda-feira (17/3), na sede da Fiesp, do segundo encontro do projeto “Papo Supremo”, iniciativa do Departamento Jurídico da Fiesp (Dejur) e do Sesi-SP. O programa promove debate entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e os jovens do 3º ano do EM.
Desta vez, Flávio Dino foi o ministro convidado para o debate e o tema escolhido foi “Ética e Inteligência Artificial: da mentira ao deepfake”. O objetivo do “Papo Supremo” é gerar reflexões e pensamento crítico nos jovens, contribuindo para uma formação cidadã e o desenvolvimento das habilidades de argumentação e liderança dos alunos do Sesi-SP.
Foto: Ayrton Vignola / Fiesp
O presidente da Fiesp e do Sesi-SP, Josué Gomes da Silva, abriu o evento afirmando que a conversa dos alunos com ministros dos Tribunais Superiores é uma forma de propiciar aos estudantes uma formação integral. E, ao mesmo tempo, mostrar aos Tribunais Superiores o trabalho da indústria voltado à educação.
“O nosso compromisso é com a educação integral dos nossos alunos. Acredito que a melhor forma de combater fake news é uma boa formação para que eles tenham pensamento crítico, e a capacidade de distinguir o que é verdadeiro e o que é apenas um recorte da realidade”, afirmou Josué.
A conversa teve como representantes do 3º ano do Ensino Médio da escola Sesi de Caçapava as alunas Ana Julia de Oliveira e Júlia Fortunato. Elas discorreram sobre os desafios da utilização da tecnologia de forma ética e responsável.
E colocaram a seguinte questão para o ministro: a Inteligência Artificial depende de grandes quantidades de dados para funcionar, o que levanta questões sobre privacidade e segurança. Como o STF poderia proteger os dados pessoais dos cidadãos, especialmente os dados de jovens estudantes que utilizam plataformas online e ferramentas de IA na escola e em casa. Que medidas estão sendo tomadas para garantir que a IA não seja usada para discriminar ou manipular as pessoas?
Foto: Ayrton Vignola / Fiesp
Liberdade de expressão
Em sua exposição, Flávio Dino defendeu a regulação das plataformas digitais, argumentando que elas se enquadram como atividades econômicas. “As plataformas que nós temos nas mãos não são neutras, são negócios que visam lucro e nós, consciente ou inconscientemente, participamos de algum modo dessa cadeia produtiva”, disse.
Para Dino, não é verdade que haja incompatibilidade entre regra e liberdade. “A liberdade de expressão não é, nunca foi e nunca poderá ser absoluta. E ao dizer isso, alguns falam que o Supremo está defendendo a censura, não está”, garantiu.
Ao fazer um exercício de imaginação, Flávio Dino indagou: “Imaginem alguém na escola de vocês, em Caçapava, fazer apologia ao racismo? Isso é liberdade de expressão? Não, não é liberdade de expressão porque existe fronteira”.
O ministro defendeu que o Marco Civil da Internet precisa ser revisto pelo Congresso Nacional, dada a rapidez com que as mudanças estão ocorrendo. “O volume e a velocidade de inovações tecnológicas hoje são maiores do que há onze anos. Houve uma tentativa de mudar essa lei no Congresso, mas não deu certo. A lei não foi votada”, relatou.
O ministro explicou que a regulação das plataformas tem sido debatida em todo o mundo e que diferentes modelos têm sido adotados. Segundo ele, nos Estados Unidos o modelo escolhido é o de menor regulação das plataformas, enquanto a Europa defende maior regulação.
“Entre o modelo de regulação fraca ou o modelo de regulação forte, o único modelo que responde às necessidades da humanidade e das famílias é o modelo de regulação forte. Essa é a minha visão”, defendeu Flávio Dino.
O “Papo Supremo” foi transmitido ao vivo para 35.317 estudantes do nono ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio das 140 unidades de ensino do Sesi-SP, espalhadas pelo Estado.
Assista a íntegra do segundo encontro do projeto “Papo Supremo”.
Foto: Ayrton Vignola / Fiesp