Setor privado quer impulsionar plano de IA do governo e oferecer alternativas

O setor privado comemorou o lançamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, no fim de julho, mas ponderou que ainda há “ajustes a serem feitos”. A proposta do governo prevê investimento em desenvolvimento tecnológico no seguimento de R$ 23 bilhões em quatro anos.

Em entrevista à CNN, o vice-presidente de mercado corporativo e grandes contas da Positivo Tecnologia, Rodrigo Guercio, afirmou que o projeto é “uma jogada audaciosa e visionária”.

Para ele, a iniciativa é um grande passo, apesar dos desafios que o Brasil enfrenta. “O governo está iluminando o caminho ao colocar a inteligência artificial no centro da agenda nacional,” disse.

Ele acredita que, embora o plano seja promissor, ainda precisa de ajustes para ser totalmente eficaz.

“É uma ideia brilhante, mas que requer um polimento para beneficiar tanto o governo quanto a iniciativa privada. Há uma grande oportunidade aqui, mas também um longo caminho pela frente,” explicou.

Um dos pontos citados pelo executivo é a capacitação para esta nova era digital. Na visão dele, não é suficiente construir a infraestrutura, mas preparar pessoas “para manejar e maximizar essa tecnologia”, que é “tão importante quanto a construção da tecnologia”

A iniciativa do governo prevê investimento de R$ 1,1 bilhão para o eixo de formação e propagação da novidade no eixo de Difusão e Formação e Capacitação em IA – que deve ser feita em parceria com o setor privado e administrada pelo Ministério da Educação – mas os aportes devem ser feitos ao longo dos anos e por meio de parcerias educacionais.

Outro ponto citado pelo executivo é relacionado à sustentabilidade ambiental da proposta. De acordo com Guercio, o governo deve executar a iniciativa mirando o equilíbrio ambiental e, segundo ele, a Positivo pode oferecer as soluções.

Guercio cita modelos de computação na nuvem que diminuem ou zeram a necessidade de equipamentos poluentes, além de soluções para reduzir as emissões de carbono.

“Dentro desse modelo, é possível integrar créditos de carbono durante o processo de concepção da solução. Ao adotar esse modelo, o governo brasileiro pode atingir seus objetivos tecnológicos e reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade”, afirmou.

ChatGPT do governo

Outro ponto do plano de IA do governo prevê a compra de um dos cinco mais avançados supercomputadores do mundo. A iniciativa vai atualizar ainda este ano o equipamento mais avançado do país localizado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), localizado em Petrópolis (RJ) e, até 2026, o novo modelo deverá ser instalado no Brasil.

Guercio explica que a estrutura mais avançada vai proporcionar maior conectividade com todos os outros supercomputadores do Brasil, além da possibilidade de utilização da iniciativa privada.

Segundo ele, o equipamento é um divisor de águas.

“Imagine um cérebro eletrônico capaz de processar bilhões de dados em segundos. Esse supercomputador será a espinha dorsal de pesquisas e inovações, mudando o jogo para a ciência e a tecnologia no Brasil”, afirmou.

O executivo também pontua que o supercomputador tem a possibilidade de criar uma “super nuvem” governamental e integrar dados de diversas entidades em um único sistema, podendo alcançar uma maior eficiência e agilidade. “É como dar ao governo um superpoder tecnológico” disse.

Desta forma, a ideia de um ChatGPT governamental é possível. O modelo, lançado em 2022, é baseado em inteligência artificial para entender e produzir textos conforme comandos de humanos.

“Estamos falando de um assistente virtual que pode responder a qualquer pergunta e analisar informações de maneira instantânea. Isso pode transformar a administração pública e a forma como os cidadãos interagem com o governo,” explicou Guercio.

O equipamento de alto desempenho mais recente deste modelo no Brasil foi vendido e instalado no ano passado pela Positivo e fica na Petrobras, também no Rio de Janeiro, e é o maior da América Latina. Este modelo permite maior precisão em perfuração em bacias de petróleo, além de produzir relatórios mais assertivos.

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