Uma onda de fundos negociados em bolsa (ETFs) que acompanham o desempenho de diferentes altcoins parece prestes a receber sinal verde dos reguladores, com analistas da Bloomberg prevendo mais de 90% de chance de que alguns desses fundos comecem a ser negociados ainda este ano, incluindo produtos baseados em Solana, Dogecoin e XRP.
Mas, caso esses e outros fundos sejam aprovados, quem vai comprar esses produtos de investimento — e, se comprarem, em que proporção? Analistas divergem quanto à popularidade potencial desses ativos.
“Todo mundo já conhece o Bitcoin e ele é sinônimo de cripto”, disse Adam McCarthy, analista de pesquisa da Kaiko, ao Decrypt, acrescentando que as altcoins “ainda são um mistério para a maior parte do mercado” e que levará tempo até que o mercado tradicional se abra a esse tipo de ativo.
Os pedidos mais recentes de ETFs seguem o enorme sucesso dos fundos de Bitcoin à vista e a adoção mais modesta, mas ainda sólida, dos ETFs de Ethereum. Os primeiros — um total de 12 fundos — registraram a estreia mais bem-sucedida na história de 32 anos dos ETFs e atualmente gerenciam coletivamente mais de US$ 130 bilhões em ativos.
Os nove fundos de Ethereum, que oferecem aos investidores exposição à segunda maior moeda digital, já acumularam respeitáveis US$ 10 bilhões em ativos sob gestão.
O desempenho desses ETFs, combinado com um ambiente regulatório mais favorável nos EUA, impulsionou uma demanda crescente por outros fundos focados em criptomoedas. A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) está atualmente analisando mais de 30 pedidos de ETFs de altcoins à vista.
O analista da Pepperstone Group, Dilin Wu, disse ao Decrypt que, embora “os fortes aportes nos ETFs de Bitcoin demonstrem que o interesse de investidores de varejo e institucionais por essa classe de ativos continua crescendo de forma constante”, é “improvável que isso se traduza amplamente em ETFs de altcoins no curto prazo”.
McCarthy observou que “investidores que não são familiarizados com cripto” provavelmente não se interessarão por produtos de altcoins que podem ser difíceis de entender.
“O ETH se consolidou como o segundo ativo e tem uma proposta diferente — embora às vezes confusa — em relação ao BTC”, comentou.
Mas o analista da Bloomberg James Seyffart discordou, apontando que as altcoins já apresentam bom desempenho nos mercados de derivativos.
O Bitcoin, a criptomoeda mais antiga, domina a maior fatia do mercado — US$ 2,1 trilhões dos quase US$ 3,4 trilhões de capitalização total — e tem o maior reconhecimento de marca.
ETFs — fundos que são negociados em bolsas de valores — são ideais para quem quer uma fatia do espaço de investimentos em cripto, que é rápido e complexo, sem o risco de manter os ativos diretamente. Os investidores podem simplesmente comprar ações negociadas em bolsa sem se preocupar com questões técnicas como armazenamento a frio ou operar em corretoras de criptoativos.
“Será que alguns desses outros ativos — Solana, XRP, Litecoin — chegarão a milhões e milhões em ativos e volumes de negociação razoáveis? Sim, acredito mesmo que isso vai acontecer”, disse Seyffart, acrescentando que grandes investidores vão querer diversificação em cripto.
“Se eles estão comprando Bitcoin, também podem estar comprando um pouco de Ethereum”, afirmou, destacando que os investidores podem se interessar especialmente por ETFs que ofereçam exposição a uma cesta de moedas e tokens digitais.
Ele acrescentou que os compradores podem ser investidores de grande porte, já que pouco menos de 20% das ações dos ETFs de Ethereum pertencem a pessoas ou entidades que precisam apresentar o formulário 13F nos EUA — ou seja, instituições e fundos de hedge.