Starlink lidera internet via satélite no Brasil; Moraes bloqueou contas

A Starlink, de Elon Musk, tornou-se neste ano a maior fornecedora de internet banda larga via satélite do Brasil, com 200 mil utilizadores. A empresa teve suas contas no país bloqueadas por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo dados divulgados em julho pela Anatel, a marca foi alcançada em maio, quando registrou 38 mil novas assinaturas em apenas um mês.

Em um ano, a empresa quase quadruplicou o número de assinantes residenciais e corporativos. E quase triplicou sua fatia de mercado. Em maio do ano passado, a Starlink era responsável por 15,8% do fornecimento de internet via satélite do país. Hoje sua participação é de 42,5%.

Vertente mais expressiva dos negócios de Musk no Brasil depois do X, a Starlink é braço da SpaceX, fabricante de equipamentos e veículos aeroespaciais, com os quais o bilionário pretende implementar seu projeto de colonização de Marte. A ideia do bilionário é formar “constelações de satélites” para levar conexão para áreas remotas em todo o planeta.

Em maio de 2022, em visita ao Brasil, o bilionário manifestou o desejo de incrementar o fornecimento de internet de alta qualidade no país. Chegou a dizer que iria conectar 19 mil escolas nas zonas rurais e monitorar a Amazônia. O projeto não chegou a ser implementado, mas há iniciativas em âmbito estadual.

A concessão da Anatel veio em dezembro daquele ano e, desde então, a empresa avançou rapidamente.

Em julho de 2023, a empresa já era líder isolada entre os provedores do sistema na Amazônia Legal, com antenas instaladas em 90% dos municípios da região, segundo um levantamento da BBC News Brasil. A maioria das cidades fica em regiões de difícil acesso, sem infraestrutura tradicional de internet de banda larga.

Uma das principais vantagens do sistema da Starlink é a menor distância dos satélites em relação à Terra. Isso permite uma viagem mais rápida dos dados, conhecida como latência. A empresa promete velocidades de download de até 220 Mbps, upload de 25 Mbps e uma latência de 25 a 50 milissegundos. Dessa forma, o tempo de resposta é menor e vantajoso.

Bloqueio pode tirar a Starlink do Brasil?

O bloqueio dos valores da Starlink faz parte de uma série de ações do STF contra a empresa de Elon Musk, em resposta ao não cumprimento de determinações judiciais por parte do X. A medida de Moraes pretende assegurar que as penalidades impostas pelo tribunal sejam efetivamente cumpridas.

A empresa foi notificada oficialmente. Assim, seus dirigentes poderão ser responsabilizados pelos valores devidos ao Judiciário brasileiro.

O futuro da Starlink no Brasil é incerto. O bloqueio de recursos financeiros tende a impedir a empresa de pagar funcionários e fornecedores e, portanto, pode comprometer os serviços que ela presta.

Ministério Público já pediu fim dos contratos do governo com a Starlink

Não é a primeira vez que a empresa entra no meio do embate Musk-Moraes. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MP-TCU) chegou a pedir, por meio de representação, que os contratos firmados entre a União e a Starlink, caso existentes, fossem rompidos. O subprocurador-geral do MP-TCU, Lucas Furtado, alegou “violação à soberania nacional” por parte do empresário.

Musk respondeu no X que, se seus contratos fossem cancelados pelo governo brasileiro, ele ofereceria conexões em escolas gratuitamente. Mas a empresa não tinha contrato com o governo federal para conectividade escolar.

Ainda assim, Musk conseguiu aproveitar o conflito com Moraes para turbinar ainda mais o negócio, reforçando, após as primeiras repercussões do embate, pacotes promocionais de venda de assinaturas, prática recorrente na conquista de clientes.

Num dos dias mais acirrados da polêmica nas redes sociais, o site em português da Starlink exibia a redução de 50% no preço do kit (antena, roteador e cabos) para clientes residenciais. O valor foi reduzido de R$ 2 mil para R$ 1 mil.

Empresa de Musk facilitou transações na região amazônica

A chegada da internet possibilitou à região amazônica uma gama de ferramentas que impulsionaram o crescimento da economia. A alta velocidade e a estabilidade da conexão permitiram a popularização de transações como o uso do Pix e de máquinas de cartões.

Em contrapartida, os serviços viabilizaram uma maior articulação entre quadrilhas na floresta. O crime organizado, que atua em reservas indígenas e áreas sensíveis, como o Vale do Javari, tem se favorecido da tecnologia para modernizar a exploração de garimpos, tráfico de drogas, caça, pesca e extração de madeira.

Outra consequência está relacionada ao impacto sociocultural da tecnologia nas comunidades, que tem influenciado o modo de vida tradicional das comunidades. Tem se popularizado na internet o número de influencers indígenas, por meio da rede TikTok, que ganham milhares de seguidores ao compartilhar o modo de vida nas florestas.

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