
Em Gramado, a magia do Natal gera mais do que sorrisos e fotos turísticas – gera emprego para milhares de pessoas. O período de outubro a janeiro é considerado a segunda alta temporada da cidade, junto ao inverno e às férias escolares de julho, e muito desse movimento é devido ao Natal Luz, maior evento do município. Este ano, a 40ª edição (que ocorre de 23 de outubro a 18 de janeiro) tem expectativa de bater recorde de público e atrair 2,8 milhões de turistas para Gramado, movimentando cerca de R$ 150 milhões somente na cidade, segundo a prefeitura e a autarquia de turismo municipal GramadoTur.
Com isso, o número de contratações aumenta no comércio, na hotelaria e na gastronomia para atender a toda essa demanda.
— Temos 450 vagas que vamos abrir no Sine só pra essa alta temporada de final de ano agora, sem contar os cerca de 2,5 mil temporários que são criados diretamente pelo Natal Luz. Mas na verdade, tem muito mais vagas ainda, isso porque aqui no comércio tem essa cultura de contratar por indicação: o empresário anuncia uma vaga e no outro dia já recebeu um nome que, 90% das vezes, ele contrata, então nem chega a abrir e computar essa vaga no Sine — explica o secretário municipal de inovação e desenvolvimento de Gramado, André Castilhos Reis.
E não é preciso andar muito para ver placas e anúncios de vagas no comércio da região central de Gramado. A gerente de loja Morgana Maria Sanvido procura um vendedor para ajudar neste final de ano:
— A gente vende matéria-prima pra artesãos e trabalhamos diretamente com o Natal Luz e outros eventos. A gente vende pra quem produz, pra quem trabalha com todo esse artesanato e nessa época sempre precisa — afirma.
Esse “clima natalino” também criou oportunidade de emprego para o fotógrafo Leonardo Dutra Velho Tome, que foi contratado por um estúdio na semana passada:
— Todo fotógrafo gosta de uma cidade bonita e enfeitada como Gramado pra trabalhar, e no final do ano aqui falta gente pra fazer tantos ensaios que os turistas marcam. Foi aí que surgiu a vaga e fui contratado, sempre tem oportunidade no Natal — diz.
O vice-presidente do Sindilojas Gramado, Sandro Schmidt, afirma que o sindicato fez uma parceria com a prefeitura para oferecer cursos gratuitos de qualificação da mão de obra, incluindo cursos de atendimento ao público em inglês e espanhol, mas a procura está baixa:
— Cidade turística tem que trabalhar no final de semana, e muita gente não quer. A gente tem mais vaga do que candidato aqui, a demanda hoje é muito alta, principalmente agora chegando o nosso forte, que é o Natal Luz. Aparece pouca gente qualificada ou interessada em trabalhar, nem que seja pra treinamento, pra iniciar uma carreira — comenta.
É a mesma situação que os empresários Margarete Tibes Tegner e Fernando Monteiro enfrentam. Ela tem duas lojas de roupa e ele tem três restaurantes. O ponto em comum? Os dois têm dificuldade de achar mão de obra.
— Hoje tu coloca um anúncio buscando gente e aparece só um ou dois currículos. Quando a gente acha alguém bom, já efetiva logo, já contrata logo pra garantir esse funcionário — explica Margarete.
— Com certeza as contratações são mais no boca a boca, e é só ter vontade que a gente dá treinamento e ensina. Mas está difícil, eu estou ampliando um dos meus restaurantes, preciso contratar até 20 pessoas, mas não encontro candidatos — lamenta Monteiro.
Por outro lado, quem busca essas vagas acaba encontrando o novo emprego em menos de uma semana, especialmente se o perfil for de atendimento ao público. O garçom Douglas Antunes Santos saiu em busca de emprego em um dia e, no dia seguinte, já estava com o uniforme do bar onde trabalha hoje:

— Foi no início do mês agora, fiquei dois dias procurando… Eu estava passando aqui na frente e já me captaram pra trabalhar — afirma.
Outra pessoa que também buscava emprego no ramo da gastronomia e encontrou em apenas dois dias foi o barista Fabrício Abadie:
— Qualquer um acha emprego aqui, principalmente em alta temporada. O diferencial é que aqui te dão treinamento no trabalho, tu vai aprendendo e se qualificando — comenta.
Segundo a agência FGTAS/Sine de Gramado, a cidade conta com um saldo positivo de mais de 600 vagas este ano, superando o balanço de empregos do ano passado. A situação chamada de “pleno emprego” no município é puxada principalmente por vagas de atendente, recepcionista e vendedor, e quem trabalha com atendimento ao público leva vantagem para ser contratado em empregos assim.
É o caso dos vendedores Michele Da Silva e Gabriel Tobias, que começaram suas experiências profissionais no comércio da cidade aos 16 anos e hoje trabalham em lojas de roupa vizinhas, no Centro.
— Algumas pessoas estão dispostas a trabalhar e outras não, se tu andar aqui pelo Centro tu vê várias lojas com plaquinha pedindo funcionário, mas tem que estar disposto aos horários e dias. Com comissão, dá pra fazer uma renda legal no final do ano — comenta ela.

