O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) entra numa nova era de aplicação de soluções tecnológicas ao dia a dia de suas atividades. A transcrição de áudios e vídeos de audiências e reuniões virtuais ou presenciais já pode ser realizada por meio de Inteligência Artificial (IA) no TJCE. Isso graças à ferramenta Transcrição Automática de Linguagem por Inteligência Artificial (‘Talia’), que teve sua primeira versão lançada nesta sexta-feira (6), no 4º Encontro com Gestores da Área Judiciária, ocorrido na Escola Superior da Magistratura (Esmec).
Todos os detalhes técnicos e operacionais da plataforma foram apresentados durante a palestra ‘Inteligência Artificial e robotização na prestação jurisdicional’, que teve à frente o juiz auxiliar da Presidência do TJCE, Ricardo Alexandre Costa. Na ocasião, ainda foram abordados os sistemas de IA ‘Sara’ e ‘Midas’, já em utilização, além dos robôs que têm otimizado os trabalhos de servidores (as) e magistrados (as) do Poder Judiciário cearense.
De acordo com o analista judiciário Rafael Garcia, da Secretaria de Tecnologia da Informação (Setin), com o uso a ‘Talia’ a transcrição do áudio é transformada em um arquivo de texto e pode ser checada e corrigida ouvindo os áudios e vídeos originais, que também podem ser tratados pela ferramenta para facilitar a escrita. Outra vantagem é identificar e separar os diferentes falantes. Já foram feitos testes com grupos de magistrados (as) e na área administrativa, com bons resultados.
Já o Mecanismo Identificador de Atos Similares (‘Midas’) é capaz de agrupar atos processuais similares, principalmente despachos, trabalhando-os de forma mais rápida, uniforme e célere, pois identifica o conjunto de processos em que o servidor precisará trabalhar da mesma forma. A ‘Sara’, que está sendo utilizada de forma piloto na Área Cível, lê uma série de peças alimentadas no sistema e gera um relatório com um resumo daquele conjunto de peças. A ferramenta foi desenvolvida no âmbito do programa Cientista Chefe, em parceria com a Universidade de Fortaleza (Unifor).
Robotização
Márcio Serpa, que está à frente da Coordenadoria de Robotização e Automatização da Setin, lembrou que robôes vêm sendo utilizados há três anos no Tribunal de Justiça, fazendo trabalhos repetitivos, liberando servidores para outras atividades que não podem ser automatizadas. Entre as vantagens estão padronização de procedimentos, celeridade, continuidade e produtividade, além do fato de se evitar falhas humanas.
O coordenador explicou que a diferença da Automação Robótica de Processos (RPA) para as ferramentas de IA é que os robôs fazem um trabalho específico pré-determinado, enquanto a Inteligência Artificial entra na parte cognitiva, entendendo problemas e propondo sugestões. Os robôs podem ser solicitados por formulário na TJNet e, após avaliação, disponibilizados, se possível. Atualmente, 54 robôs estão em funcionamento no TJCE.
As ferramentas de IA e RPA integram a Estratégia de Transformação Digital do TJCE, contemplada pelo Programa de Modernização do Judiciário Cearense (Promojud). O objetivo é direcionar esforços e recursos para ações que melhorem a prestação de serviços através de avanços tecnológicos.