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tornar a internet hiperpersonalizada — talvez até demais

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A nova estratégia do Google para liderar a corrida da inteligência artificial passa por algo ambicioso: construir um ecossistema em que quase tudo o que o usuário faz na internet seja filtrado, lembrado e organizado pela IA. Integrado a apps como Gmail, Maps, YouTube e até ao Chrome, o modelo Gemini desenha um futuro em que a busca deixa de ser uma ação pontual e vira uma “conversa contínua” — e profundamente pessoal.

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A aposta do Google: uma internet que sabe quem você é

Segundo Robby Stein, vice-presidente de produto de Busca do Google, a maioria dos usuários não quer apenas fatos objetivos, mas conselhos, recomendações e decisões personalizadas.

“As pessoas querem saber onde jantar, para onde viajar com a família”, disse Stein.

Para isso, o Google vê uma oportunidade gigantesca: permitir que a IA conheça você profundamente, reunindo informações de serviços conectados e construindo um perfil contínuo dos seus gostos, hábitos e necessidades.

O papel central do Gemini em toda a estratégia

O modelo Gemini já está integrado a:

  • Gmail
  • Calendar
  • Drive
  • Maps
  • YouTube
  • WhatsApp
  • Spotify
  • Chrome com IA nativa

Ou seja, praticamente todo o ecossistema do Google — onde estão armazenados seus e-mails, fotos, compromissos, documentos, histórico de viagens e buscas.

Com esses dados, o Google imagina uma IA capaz de atuar como um assistente permanente, conectando informações soltas ao longo do tempo para antecipar o que você deseja.

Exemplo prático: você menciona casualmente em conversas que quer um sofá novo. A IA:

  • guarda essas preferências
  • aprende com suas interações
  • cruza com seu estilo registrado no Gmail, Drive e buscas
  • identifica quando um modelo ideal entra em promoção
  • envia uma notificação imediatamente

Para Stein, esse é o futuro da busca.

Por que isso é vital para o Google

A personalização extrema não é só sobre conveniência — é sobre sobrevivência competitiva.

Um juiz dos EUA apontou recentemente que a IA representa o primeiro grande risco ao domínio do Google em mais de uma década. E o próprio Google parece concordar: a empresa correu para reforçar sua posição com o lançamento do Gemini e com a integração agressiva em todos os produtos.

IA hiperpersonalizada = publicidade hiperprecisa

Stein admitiu que a personalização também será usada para anúncios dentro das experiências de IA.

Isso coloca o Google em pé de igualdade com a Meta, que anunciou recentemente anúncios aprimorados por IA.

Quanto mais a IA sabe sobre você, mais lucrativos podem ser esses anúncios — o que gera preocupações sobre:

  • uso excessivo de dados pessoais
  • coleta de informações sensíveis
  • criação de perfis psicológicos
  • manipulação ou direcionamento fino de consumo

Benefícios reais… e riscos igualmente reais

Uma IA que conhece você profundamente pode:

  • poupar tempo
  • organizar sua vida
  • sugerir melhores compras
  • antecipar problemas e oportunidades
  • personalizar viagens, rotinas e finanças

Mas, como lembra Sam Altman, CEO da OpenAI, há um limite claro de segurança:

“As pessoas amam modelos personalizados e também amam conectar esses modelos a outros serviços. Somadas, essas duas coisas são um enorme desafio de segurança.”

Altman explica que:

  • modelos de IA não entendem contexto social
  • não sabem quando devem ou não compartilhar informações
  • podem vazar dados sensíveis ao executar tarefas automatizadas

Ou seja: contar seus problemas de saúde para a IA e depois pedir que ela faça compras pode, em tese, expor essas informações a terceiros.

O futuro da busca: um diálogo permanente — mas a que custo?

A visão do Google é transformar a internet em algo contínuo, personalizado e quase íntimo. Mas essa aproximação entre IA e vida pessoal exige respostas claras:

  • Quem controla esses dados?
  • O que acontece em caso de vazamento?
  • Como garantir que compras e recomendações não se tornem manipulação?
  • Como impedir que uma empresa privada conheça mais sobre você do que sua própria família?

A promessa da hiperpersonalização é sedutora. Mas, como várias tecnologias desta década, ela traz uma pergunta inevitável:

Quanto da nossa vida estamos dispostos a entregar em troca de conveniência?

 

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