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Trump mira Google e OpenAI em batalha para deixar IAs menos inclusivas 

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prepara uma nova ordem executiva visando obrigar grandes empresas, como Google e OpenAI, a deixarem suas IAs menos inclusivas — ou “woke”, no linguajar de Trump.

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As informações são de uma matéria exclusiva do Wall Street Journal, publicada na última quinta-feira (17), citando que a medida é a mais nova ação da Casa Branca para eliminar programas de “diversidade, equidade e inclusão”, ou DEI, da sigla em inglês.

Ainda de acordo com o jornal, espera-se que Trump anuncie a medida nesta semana, exigindo imparcialidade política em IAs usadas por órgãos federais dos EUA.

Desse modo, Trump quer tornar menos inclusivas as IAs que o governo norte-americano usa para, conforme o WSJ, “combater o viés liberal que membros do governo enxergam em alguns modelos”.

O decreto será uma diretriz normativa, exigindo neutralidade política e modelos de IA sem vieses, para empresas obterem contratos com o governo federal.

A lei, como dito acima, se alinha com a agenda de Trump para acabar com iniciativas DEI, que o atual governo considera como “desperdício”. Desde seu retorno à Casa Branca, Trump acabou com diversos programas DEI, afirmando que as ações são parte de sua guerra contra a “agenda woke”.

Com a expansão das IAs generativas, sobretudo o Gemini e o ChatGPT, respectivamente do Google e da OpenAI, aliados de Trump criaram a narrativa de IAs “wokes”.

googlegeorge washington

Imagem: Screenshot/Giz Brasil

No entanto, essa perseguição começou por motivos bobos, como o exemplo Gemini, que gerou uma imagem de uma versão negra de George Washington e nazistas de diferentes etnias.

Mas, como todas as empresas de tecnologia lutam entre si para o governo escolher suas ferramentas de IA, a possível lei pode ter impactos enormes, transformando o modo de desenvolvimento dos modelos de linguagem neural.

“Herança Musk” é responsável por decreto de IAs não inclusivas

O WSJ revela que as mentes por trás do decreto são David Sacks e Sriram Krishnan. Ambos são funcionários de confiança de Trump para combater as IAs inclusivas.

Sacks é um famoso investidor do Vale do Silício, um dos fundadores do PayPal e um dos primeiros a financiar empresas como Facebook, Uber, Airbnb e SpaceX.

Em dezembro de 2024, por sua associação antiga com Elon Musk, Trump nomeou Sacks como chefe do Conselho Consultivo de Ciência e Tecnologia do Presidente dos Estados Unidos.

Além disso, Sacks, assim como Musk, foi um dos responsáveis por convencer os grandes investidores da indústria a apoiarem Trump nas eleições. Novamente, assim como Musk, Sacks ganhou um cargo espacial no governo.

Na nomeação, Trump batizou Sacks como o “czar das IAs e das criptomoedas”, criando o novo órgão do governo que não dependeria de autorização do senado.

Mais uma vez, similarmente a Elon Musk com o DOGE, Sacks pode trabalhar com maior liberdade para atingir as metas do governo com mais rapidez.

czar AI

Publicação de Trump anunciando David Sacks como “Czar da IA”. Imagem: Screenshot/Giz Brasil

“David Sacks vai garantir que haja liberdade de expressão online e nos afastará da censura e viés das Big Techs. Seu papel será desenvolver uma base para criar uma legislação para que a indústria das criptomoedas prospere nos EUA”, disse Trump à época.

Enquanto Sacks fica responsável por regular as IAs e o bitcoin, Sriram Krishnan atua como conselheiro-chefe de políticas da Casa Branca sobre inteligência artificial.

Krishnan também trabalhou em firmas que investem em startups e foi o diretor de produto do Twitter desde 2017. O executivo, que ficou na empresa após a aquisição de Elon Musk, em 2022, ajudou a transformar a rede social no atual X.

Anteriormente, Musk cogitou apontar Krishnan como CEO da empresa, mas seu destino foi a Casa Branca. Assim como Sacks, Krishnan faz parte da “herança Musk” no governo Trump e a medida, não por acaso, mira IAs da OpenAI e do Google.

Sem OpenAI e Google, quais seriam as alternativas de Trump?

Em 2023, Sacks acusou a OpenAI de desenvolver o ChatGPT para fornecer respostas com “censuras” e “viés progressista”. Sam Altman, CEO da OpenAI, considerou Sacks como uma boa escolha, mas porque Elon Musk, concorrente direto, não assumiu o cargo.

Além disso, por ser uma diretriz para contratos com o governo, a lei pode favorecer a empresa do mais famoso ex-aliado de Trump: Elon Musk. A xAI, que desenvolve o Grok e pertence a Musk, se considera como uma “alternativa anti-woke”.

No entanto, além do fim da amizade entre Trump e Musk, o novo modelo do Grok pode ser um empecilho na busca por IAs menos inclusivas. Como publicamos aqui no Giz Brasil na última semana, o Grok 4 emitia respostas antissemitas e recorria à opinião de Elon Musk.

Como o principal aliado dos EUA é Israel, as IAs antissemitas não são uma boa opção. E, além disso, no último domingo (19), outra matéria do WSJ revelou que o governo Trump estudava encerrar contratos da NASA com a SpaceX.

IAs inclusivas existem?

Para além das IAs, analistas políticos alertam que a ideia de Trump pode ter um efeito reverso: torná-las menos inclusivas seria como alterar vieses.

Aliás, estudos recentes comprovaram que todas as IAs, até mesmo as inclusivas, como as do Google e da OpenAI, contêm vieses implícitos.

Um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, analisou o viés de gênero em todos os modelos de IA e identificou preconceitos. Também em 2024, uma reportagem investigativa do Bloomberg descobriu preconceito racial nos modelos da OpenAI, influenciando diretamente as respostas do ChatGPT.

Neste ano, pesquisadores do MIT publicaram um estudo revelando que as IAs geram informações distorcidas sobre tópicos politicamente sensíveis, como a liberdade de imprensa.

As empresas treinam as IAs ao varrer uma montanha de informação da internet, bem como outros materiais publicados. Por isso, alguns modelos de IA tendem a alucinar, gerando respostas erradas ou assustadoras. Entenda:

Desta forma, é difícil discernir “imprecisão” de “viés” nas IAs do Google e da OpenAI, mas o principal alvo de Trump para eliminar respostas inclusivas é a Anthropic.

A dona do Claude foi lançada por executivos que deixaram a OpenAI e se opôs publicamente às posturas de regulação de IAs e exportações de chips do governo Trump.

Curiosamente, dois dias antes da matéria do WSJ, a startup Vultron, que cria ferramentas de IA para contratos com o governo dos EUA, recebeu um financiamento de US$ 22 milhões.

No comunicado, a Vultron cita que a maioria do investimento veio de uma empresa chamada Craft Ventures, fundada em 2017 “por David Sacks, conselheiro de IA da Casa Branca”. Além disso, um antigo sócio de David Sacks fundou a primeira universidade anti-woke dos EUA, cuja grade curricular inclui disciplinas que distorcem a história.

Veja:

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