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Unick Forex ressurge com promessa de lucros exorbitantes e nova criptomoeda

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Uma das mais notórias pirâmides financeiras dos últimos anos no Brasil está tendo seu nome novamente utilizado para o que parece ser um novo esquema de fraudes contra investidores. A Unick 2.0 clama ser a sequência da Unick Forex e já começa a ganhar espaço em chats de aplicativos de mensagens. 

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O Portal do Bitcoin recebeu em seu canal de denúncias a mensagem de um cliente lesado pela Unick Forex apontando que a pirâmide — ou pelo menos o seu nome — estava sendo ressuscitada. Na denúncia, havia uma apresentação sobre o novo “empreendimento” e todos os sinais clássicos de pirâmide estão presentes.

A Unick 2.0 promete rentabilidade de 3% a 7% ao dia, um valor absurdamente mais alto do que os investimentos mais ousados do mercado regular de investimentos. Há também um sistema de bonificação para quem fizer indicações de novas pessoas para entrarem no esquema.

A apresentação deixa claro que se trata de uma continuidade da pirâmide que lesou milhares, em um estranho orgulho de tudo que ocorreu: “Depois de marcar uma geração, voltamos com uma nova visão, novas soluções e o mesmo compromisso de sempre: transformar o seu mundo. O passado nos fez lendas. O presente nos torna líderes”.

Não existe nenhuma informação de como os rendimentos seriam obtidos, apenas a promessa dos ganhos. Além do suposto retorno financeiro, a Unick 2.0 alardeia sorteio de moto, workshop e viagem. Por fim, afirma que no dia 10 de setembro deste ano irá lançar uma criptomoeda própria chamada Unickcoin (não há nenhum detalhe deste projeto, apenas a menção que seria uma blockchain própria).

Grupo no WhatsApp

Além da apresentação, a mensagem no canal de denúncias mostrou também um link para fazer parte de um grupo de WhatsApp. A reportagem usou o link, que levou diretamente para um grupo chamado “Unick 2.0”, com 72 membros. Na descrição do grupo é dito: “UNICK 2.0 ESTÁ DE VOLTA! Quem viveu, sabe… E quem não conhece, vai se surpreender!”.

No grupo, a única mensagem é um vídeo com uma imagem fixa e um áudio atribuído a Danter Silva, o criador da Unick Forex original. “Fomos e somos pioneiros e isso é muito difícil, porque você não tem como quem se comparar e tem que aprender com seus erros”, afirma a mensagem de áudio.

Pouco tempo depois de entrar no grupo, a reportagem do Portal do Bitcoin foi abordada por um usuário do WhatsApp sob o nome de Sidnei Borba, que é o criador do grupo de WhatsApp e a pessoa que publicou o vídeo atribuído a Danter Silva. Este usuário enviou como mensagem privada um link e um convite para cadastro em uma plataforma que tem como URL unickforex.club.

Perfil no Instagram

Além do grupo de WhatsApp, há um um perfil no Instagram promovendo a Unick 2.0 com quase dois mil seguidores. As publicações afirmam que o esquema já está em funcionamento, com vídeos de supostos saques de clientes.

Além disso, é apresentado também um vídeo que seria supostamente Danter Silva apresentando a Unico 2.0, fato que não se sabe se é verdade ou um material produzido com Inteligência Artificial.

Criador da Unick nega envolvimento

O criador da Unick Forex original, Leidimar Bernardo Lopes, afirmou por meio de seus advogados em uma publicação no Instagram que não tem nenhum envolvimento com a Unick 2.0.

“A defesa de Leidimar Bernardo Lopes – presidente da empresa UNICK – tomou conhecimento de que terceiros, utilizando-se indevidamente de sua imagem, e com claro escopo criminoso, estão anunciando o retorno das atividades da empresa – em projeto denominado ‘Unick 2.0’”, afirma a nota.

A defesa segue a afirma que Leidimar não possui qualquer vínculo com a “divulgação enganosa” do suposto retorno da empresa e lembra que o criador da pirâmide está cumprindo medidas cautelares impostas pelo Juízo da 7ª Vara Federal de Porto Alegre.

“No mesmo sentido, a defesa do Sr. Leidimar Bernardo Lopes frisa que este jamais autorizou o uso de sua imagem para a prospecção de qualquer material. Por fim, de salientar que os falsos anúncios já foram comunicados às autoridades Federais, as quais, aliás, já estão tomando providências”, finaliza.

Advogado das vítimas comenta estratégia

Em entrevista ao Portal do Bitcoin, Demétrius Teixeira, advogado da Associação de Defesa dos Direitos dos Investidores da Unick, explica que a entidade não conseguiu ingressar como assistente de acusação na ação penal que corre contra os criadores e líderes da Unick Forex.

“Estamos agora movendo uma ação coletiva contra a Unick em nome de todos os investidores. O objetivo é obter o ressarcimento. Também pedimos nessa ação que os valores que foram sequestrados pela Justiça Federal que seja feita a reserva no rosto do autos do valor integral para que sirva como ressarcimento dos investidores”, afirma Teixeira.

O advogado conta que a informação que teve é que a Justiça apreendeu R$ 250 milhões em dinheiro, bens e criptomoedas da Unick Forex. Teixeira ressalta que a Associação tem 350 membros e está debatendo na Justiça o direito de representar todas as milhares de vítimas na ação coletiva ou apenas os seus membros.

Pirâmide Unick Forex

A Unick Forex é investigada por captar até R$ 29 bilhões de 1,5 milhão de pessoas. Na operação Lamanai, a PF encontrou e apreendeu 1.500 bitcoins, milhões de reais, carros e imóveis.

A Unick Forex estava proibida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de atuar no mercado desde 2018, mas mesmo assim permanecia vendendo produtos sob a justificativa de que vendia produtos de educação.

Mais tarde, o negócio foi rebatizado de Unick Academy e a captação de clientes aumentou. Até meados de 2019, cumpriu os pagamentos. Porém, conseguia cumprir porque os novos clientes eram quem pagavam os antigos — modalidade clássica de uma pirâmide.

Com a promessa de lucro de 100% sobre o valor investido em até seis meses, a empresa teria captado ilegalmente cerca de um milhão de pessoas até se tornar alvo da Polícia Federal.

Fora as investigações sobre o prejuízo bilionário a clientes, pesa também sobre os líderes da Unick um processo na Justiça federal que apura a movimentação de R$ 269 milhões por meio de empresas de fachada para a prática de lavagem de dinheiro. 



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