Segundo a OpenAI, cerca de 400 milhões de pessoas usam o ChatGPT semanalmente. É um número bem alto, que mostra como essa inteligência artificial se tornou parte do cotidiano de muita gente.
O ChatGPT, porém, é bem recente – ele foi lançado em novembro de 2022, tendo pouco mais de 2 anos de vida. Por causa disso, ainda não se sabe muito bem como essa tecnologia, que é bem diferente do que tínhamos até então, nos afeta.
Pensando nisso, a OpenAI e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) elaboraram uma pesquisa para avaliar as consequências sociais dessa IA. Eles descobriram que as pessoas que usavam muito o ChatGPT relatavam um aumento na solidão e menos tempo gasto socializando com pessoas de verdade.
Mais importante: eles descobriram que os participantes que confiavam e “se conectavam” mais com o ChatGPT eram mais propensos a se sentirem solitários e a depender mais dele.
Foram realizados dois estudos separados. O primeiro foi um pouco mais simples: os cientistas coletaram e analisaram dados reais de quase 40 milhões de interações com o ChatGPT. Então, eles perguntaram aos 4.076 usuários que tiveram essas interações como eles se sentiram depois.
O segundo foi bem mais completo. Nele, os pesquisadores recrutaram cerca de mil voluntários. Durante quatro semanas, essas pessoas deveriam interagir com o ChatGPT por, no mínimo, cinco minutos por dia. Alguns deveriam usar a versão de texto da IA, enquanto outros ficaram com uma das duas opções de voz. No final do experimento, os participantes preencheram um questionário para medir suas percepções do chatbot, seus sentimentos subjetivos de solidão, seus níveis de engajamento social, sua dependência emocional do bot e sua percepção de se seu uso da IA era problemático.
“Este estudo específico foi desenvolvido para identificar relações causais e como recursos específicos da plataforma e tipos de uso podem afetar os estados psicossociais autorrelatados pelos usuários, com foco na solidão, interações sociais com pessoas reais, dependência emocional do chatbot de IA e uso problemático de IA”, escreveu o MIT em um comunicado.
Juntas, ambas as pesquisas chegaram em conclusões importantes. Os pesquisadores descobriram que apenas um pequeno subconjunto de usuários se envolve emocionalmente com o ChatGPT. Várias outros chatbots são vendidos como aplicativos com personalidades com quem você pode conversar. Contudo, o ChatGPT ainda é majoritariamente consumido como uma ferramenta de produtividade – com algumas pessoas interagindo com ele por longos períodos como um aplicativo complementar.
Além disso, com os dados do segundo estudo, os pesquisadores conseguiram identificar algumas diferenças intrigantes na forma como homens e mulheres respondem ao uso do ChatGPT. Depois de usá-los por quatro semanas, as participantes do sexo feminino tinham uma probabilidade ligeiramente menor de socializar com outras pessoas do que os do sexo masculino.
Os voluntários que interagiram com o modo de voz do ChatGPT em um gênero que não era o seu relataram níveis significativamente mais altos de solidão e mais dependência emocional do chatbot no final do experimento. Ou seja, homens que interagiram com um ChatGPT de voz feminina se sentiram mais solitários e emocionalmente dependentes da IA. E o contrário, mulheres que usaram o chat com uma voz masculina, também se aplica.
É importante que pesquisas como essas existam para servirem como medidas cautelares para a relação atual das pessoas com as tecnologias de IA – que são muito novas e diferentes.
“Muito do que estamos fazendo aqui é preliminar, mas estamos tentando iniciar a conversa com o campo sobre os tipos de coisas que podemos começar a medir e começar a pensar sobre qual é o impacto de longo prazo nos usuários”, diz Jason Phang, pesquisador de segurança da OpenAI que trabalhou no projeto.
Ambos os estudos ainda estão numa fase de pré-publicação e não foram submetidos a revisão por pares.
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