Confesso: troquei a rolagem pelas redes sociais por cliques de Enviar os prompts da vida. A inteligência artificial (IA) virou meu vício predileto, meu “Jarvis” particular – aquela voz que faz tudo acontecer nos bastidores enquanto eu apenas comando e assisto, admirado, ao show, com um maestro conduzindo sua orquestra particular.
Antes mesmo de eu abrir os olhos de manhã, ela já leu todos os meus e-mails, classificou e deixou rascunhos de respostas dos importantes, prontinhos para eu revisar e enviar. No mesmo pacote chegam os resumos das principais notícias do dia: economia, política e, claro, tecnologia. Ainda escovo os dentes enquanto absorvo e ouço a narração em áudio de tudo isso, em poucos minutos, o que levaria horas.
IA pode ler e resumir e-mails e mensagens Foto: Dongyu Xu
Durante o café, os grupos de WhatsApp já não me assustam. A IA filtrou memes, correntes e áudios de cinco minutos, entregando só o que me interessa. Os outros 832 itens aparecem como “lidos” — uma paz quase espiritual. Em seguida, ela reorganiza minha agenda conforme meus objetivos do dia. Se algum compromisso de última hora surgir, a própria IA remarca reuniões, envia novos convites e me apresenta um itinerário revisto, sem que eu precise tocar na agenda.
Quando entro na primeira videoconferência do dia, recebo um briefing digno de produção hollywoodiana: quem é quem na conversa, histórico dos nossos encontros, links relevantes e até um lembrete sobre o hobby do interlocutor — pescaria em alto-mar, caso eu queira quebrar o gelo. Terminado o papo, o bot gera a transcrição, a ata, adiciona follow-ups na minha lista de tarefas.
Ao longo da tarde, ela responde perguntas que antes iriam do Google, mas faz melhor: responde direto e com profundidade desde tendências do mercado financeiro até costumes culturais na Arábia Saudita. Depois, ela rascunha meu próximo artigo, e quando eu mando publicar, traduz para quatro idiomas e posta sobre nas redes sociais. Se alguém comentar no Instagram, o meu chatbot — cuja maior parte do código a IA mesma escreveu — inicia o diálogo, captura contatos de clientes potenciais e, se a conversa esquentar, me notifica na hora e marca a reunião, já consultando os horários livres na minha agenda.
E, claro, tudo isso só é possível porque a IA mantém scripts e plug-ins de automação, a maioria que ela própria sugeriu, escreveu e testou. Voltei a programar com a IA e tenho passado algumas madrugadas no modo “vibe coder”. É uma delícia! Eu vou pilotando e a IA faz o trabalho pesado por mim.
Fico imaginando quantos clones de mim mesmo seriam necessários para igualar essa produtividade — e agradeço por não ter de pagar salário, vale-transporte e plano de saúde a nenhum dos meus funcionários robôs.
No fim do dia, percebo que fiz muito mais com muito menos. Estou viciado? Sim, e não pretendo me curar. Para entrar nesse mundo, bastam curiosidade e disposição para testar, aprender, errar e repetir.
Pergunte, provoque, experimente: a própria IA mostra o caminho, ensina, corrige e surpreende. É fascinante assistir à máquina revelando soluções que eu nem sabia precisar.
Se você acha exagero, tente uma semana de abstinência digital e depois me conte. Quanto a mim, sigo feliz enquanto houver banda larga e alguns tokens disponíveis — ansioso pelo próximo update que, com sorte, tornará esse vício ainda mais forte. Se quiser saber mais, passa lá na minha rede social que a minha IA te responde!