O que são os Agentes de IA e como funcionam?
Imagine um assistente que não apenas responde às suas perguntas, mas age por você. Essa é a premissa dos agentes de inteligência artificial, a evolução natural dos chatbots que conhecemos. Enquanto um chatbot tradicional precisa de comandos constantes, um agente de IA, como o recém-lançado ChatGPT Agent da OpenAI, pode executar tarefas complexas de ponta a ponta de forma autônoma.
A principal diferença está na capacidade de ação. Ao receber um comando como “planeje e compre ingredientes para um jantar japonês para quatro pessoas”, o agente não só pesquisa, mas efetivamente navega em sites e realiza a compra. Empresas como Google, Microsoft e a chinesa Manus AI também estão investindo pesado nessa tecnologia, sinalizando uma nova era na interação homem-máquina.
O funcionamento é fascinante e transparente. Ao ser ativado, o agente abre um navegador integrado e começa a operar:
- Navega por sites e clica em botões de forma autônoma.
- Registra cada passo com capturas de tela para que o usuário acompanhe.
- Mostra seu “raciocínio” com mensagens como: “O botão de compra está indisponível. Vou recarregar a página para tentar concluir”.
Por segurança, o agente interrompe a automação ao encontrar formulários com dados sensíveis, como login, e-mail ou cartão de crédito. Nesses momentos, ele devolve o controle ao usuário, que preenche as informações manualmente antes de o agente retomar a tarefa. Ele também não consegue resolver CAPTCHAs, garantindo uma camada extra de proteção e controle humano.
Teste Prático: Reservando um restaurante e comprando produtos
A verdadeira capacidade de um agente de IA é revelada em tarefas práticas do dia a dia. Em um teste realizado pelo g1, o ChatGPT Agent foi encarregado de duas missões: agendar uma reserva em um restaurante e comprar um produto online, com resultados que mostram tanto o potencial quanto as limitações atuais da tecnologia.
Na primeira tarefa, a reserva em um famoso restaurante de São Paulo, o agente demonstrou uma teimosia robótica. Ele passou impressionantes 14 minutos tentando agendar uma mesa para uma data que o site claramente indicava como indisponível, recarregando a página e alternando datas sem sucesso. Contudo, ao receber o comando para tentar no fim de semana seguinte, a reserva foi concluída com êxito e confirmada pelo estabelecimento.
A experiência de compra foi mais eficiente. O desafio era encontrar um whey protein de marca específica, com o menor preço e em lojas confiáveis. Durante 15 minutos, o agente analisou diversas varejistas e, de forma notável, acessou o Reclame Aqui para verificar a reputação de uma loja desconhecida. Ao final, apresentou quatro opções seguras. O processo de compra foi colaborativo: o agente navegou até o checkout, o usuário inseriu os dados de login e pagamento, e a IA finalizou o pedido clicando no botão “Comprar”. A confirmação da compra chegou por e-mail segundos depois, validando a eficácia da ferramenta para e-commerce.
Desafios e Ineficiências: Onde o Agente do ChatGPT falha?
Apesar de seu enorme potencial, o Agente do ChatGPT ainda tropeça em desafios de eficiência e lógica, especialmente quando confrontado com imprevistos. A sua maior fraqueza, observada nos testes, é a insistência em caminhos sem saída, o que pode transformar uma tarefa simples em um processo longo e frustrante.
A compra de supermercado foi um exemplo claro dessa ineficiência. Para adquirir apenas duas caixas de leite, o agente levou 33 minutos. Ele primeiro encontrou o produto em uma rede, mas o item estava indisponível após a criação da conta. Em seguida, localizou o leite em outro mercado por um preço ligeiramente menor, mas o tempo total gasto foi considerado “desgastante” e levantou dúvidas sobre sua capacidade de otimizar buscas simples.
Outros exemplos reforçam essa limitação:
- Reserva de Restaurante: O agente gastou 14 minutos tentando agendar uma data indisponível, uma tarefa que um humano realizou em apenas 1 minuto e 43 segundos.
- Planejamento de Viagem: Ao buscar ingressos para o trem The Jacobite na Escócia, a IA insistiu em verificar o site oficial mesmo após ele informar que não havia mais bilhetes, antes de finalmente encontrar pacotes alternativos em sites de terceiros.
Esses episódios mostram que, embora a tecnologia seja poderosa, ela ainda precisa aprimorar sua capacidade de interpretar rapidamente um beco sem saída e pivotar para uma solução mais eficiente, algo que o raciocínio humano faz com muito mais agilidade.
A grande vantagem: Economia de tempo em tarefas complexas
O principal trunfo do Agente do ChatGPT é, sem dúvida, a drástica economia de tempo em tarefas demoradas e repetitivas. Enquanto a ferramenta pode se mostrar ineficiente em cenários simples, seu valor brilha ao automatizar processos que levariam horas para serem concluídos manualmente.
O teste de criação de uma apresentação para investidores é o exemplo perfeito. A partir de uma reportagem do g1, a IA desenvolveu um material completo em apenas 18 minutos. A mesma tarefa, se feita por um humano, levaria no mínimo 1 hora e 30 minutos. O resultado foi descrito como “básico, mas funcional”, incluindo textos, imagens geradas por IA e, de forma proativa, a citação da fonte em cada slide. Uma segunda solicitação por uma versão “mais criativa” resultou em um layout aprimorado, provando sua capacidade de refinar o trabalho.
Até mesmo em cenários com falhas, a economia de tempo foi notável. Na busca pelos ingressos do “trem do Harry Potter”, uma usuária já havia perdido uma hora pesquisando sem sucesso. O agente, apesar de sua insistência inicial, concluiu a tarefa em 22 minutos e, mais importante, encontrou uma solução viável: pacotes turísticos que incluíam o passeio. A ferramenta não só executou a busca de forma autônoma, mas também encontrou alternativas que haviam passado despercebidas, transformando frustração em resultado prático e poupando um tempo valioso.