Em meio à viagem do presidente da Argentina, Javier Milei, aos Estados Unidos em busca de consolidação do apoio de seu homólogo norte-americano, Donald Trump, uma ação coletiva por fraude no caso da criptomoeda $LIBRA será apresentada contra o mandatário argentino.
A denúncia do ex-promotor do Departamento de Justiça Timothy Treanor será apresentada no Tribunal Federal do Estado de Nova Iorque. A ação acusa Milei de ter sido um participante necessário no esquema.
Em 14 de fevereiro, Milei usou seu perfil na rede social X para divulgar o projeto de criptomoeda “Viva La Libertad Project”, que prometia “financiar pequenos negócios e startups argentinos”, incentivando uma onda de compras e um aumento de 1.000% em seu valor.
O tuíte do mandatário, que tem 3,8 milhões de seguidores na plataforma, ficou exposto por cerca de cinco horas. Depois que a publicação foi deletada, provocou um colapso da criptomoeda e segundo consultorias, perdas de mais de de U$250 milhões (R$1,25 bilhão) aos investidores ao redor do mundo, além de milhões em lucros para algumas “carteiras virtuais”.
A movimentação gerou a suspeita de que a ação favoreceu um esquema de pirâmide organizado por aliados de Milei que detinham a criptomoeda, gerando forte repercussão política.
De acordo com o ex-promotor, a publicação de Milei na rede social X encorajando o investimento e a confiança em sua palavra foram fundamentais na manipulação do preço do $LIBRA.
Treano ainda chamou o papel de Milei no esquema como “fator-chave” e a promoção que fez como “farsa genuína”.

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Outros processos
O pedido de Treanor se soma ao enorme processo movido contra Milei por mais de 200 partes lesadas pelo esquema, na Suprema Corte de Nova Iorque.
Esta ação, encabeçada pelo escritório de advocacia Burwick Law, implica diretamente o presidente argentino pelo envolvimento no golpe, além de seus empresários Kelsier Ventures e seu marido, Thomas Davis, pai de seus outros dois gestores, Hayden e Gideon Davis.
Além disso, busca que o Tribunal determine a extensão do dano econômico causado pelo incentivo presidencial de Milei ao esquema, e visa recuperar os fundos perdidos por aqueles que compraram a criptomoeda.
Já na Argentina, o promotor Eduardo Taiano ordenou em 13 de março que medidas fossem tomadas para investigar a situação financeira de Javier Milei, sua irmã e primeira-dama, Karina Milei e Mauricio Novelli, parceiro financeiro de Milei no esquema.
Ele também solicitou informações para “localizar e identificar ativos ligados à operação sob investigação”.
A investigação, guiada pela juíza federal Sandra Arroyo Salgado, se estenderá além de 14 de fevereiro, dia em que Milei promoveu a criptomoeda. A autoridade pretende identificar as movimentações de carteiras virtuais vinculadas à criação da criptomoeda e os indivíduos por trás delas.
Segundo a juíza Arroyo Salgado, o objetivo da investigação é determinar o destino dos fundos mantidos pelos criadores e a “recuperação dos bens das vítimas”.
(*) Com TeleSUR