- Presidente americano não foi: Milei não consegue se reunir com Trump e Bolsa argentina chega a cair 11% com tarifas dos EUA
- Duelo interno: Na rota do divórcio, Milei e Macri brigam pelos votos da direita
O projeto que criou a comissão recebeu 128 votos a favor e 93 contra, com sete abstenções. Como os trabalhos, marcados para começar no dia 23 de abril, estarão inteiramente a cargo dos deputados, o texto não precisou da aprovação do Senado — em fevereiro, os senadores barraram uma tentativa da oposição de criar uma comissão sobre o “criptogate”, como o escândalo foi apelidado.
Além da investigação, os oposicionistas aprovaram a convocação do chefe de Gabinete de Milei, Guillermo Francos; do ministro da Economia, Luis Caputo; do Ministro da Justiça, Mariano Cúneo Liberona; e do chefe da Comissão Nacional de Valores, Roberto Silva. Os depoimentos estão marcados para o dia 22 de abril. Eles não são obrigados a comparecer, embora, no caso de Francos, exista a possibilidade de sofrer uma moção de censura.
— Estamos convencidos de que quando a sociedade argentina votou na Milei, ela estava farta de um sistema político que só busca se beneficiar. Mas que paradoxo: em 14 de fevereiro, o presidente se lançou na propaganda e promoção de uma criptomoeda que acabou fraudando milhões de pessoas ao redor do mundo — afirmou, na abertura dos trabalhos, o deputado Pablo Juliano, do partido Democracia para Todos, de oposição . — O Congresso não deve olhar para o outro lado, mas sim salvaguardar o interesse supremo da Argentina em saber a verdade.
- Analisa ‘condutas impróprias’: Governo argentino anuncia ‘investigação urgente’ de criptomoeda promovida por Milei; entenda
Os governistas tentaram defender Milei no plenário, e acusaram a oposição de promover “mais um espetáculo”.
— O que eles estão tentando fazer é destruir, e muitos de nós não permitiremos que a mudança fracasse novamente na Argentina. Más notícias: eles podem tentar qualquer um desses mecanismos, podem formar a comissão de inquérito, mas o que está claro é que não vamos voltar ao passado — disse a deputada Silvana Giudici, do Proposta Republicana.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/6/y/oOAUUlSvqjjTRezJCuBQ/109758420-washington-dc-january-20-president-of-argentina-javier-milei-departs-inauguration-ceremo.jpg)
Em fevereiro, Milei promoveu — ou difundiu, como alegou em sua defesa — em sua conta na rede social X a criptomoeda $LIBRA, alegando que “este projeto privado será dedicado a incentivar o crescimento da economia argentina por meio do financiamento de pequenas empresas e startups argentinas”.
A moeda registrou uma forte alta após a publicação do presidente, mas cerca de uma hora depois houve a retirada de quase US$ 90 milhões de carteiras digitais que concentravam cerca de 82% do total em circulação. Milei apagou a publicação, alegando não ter ligação com o projeto por trás da criptomoeda, o Viva La Libertad Project, e que “não estava ciente” sobre os detalhes do empreendimento. Estima-se que mais de 40 mil pessoas nos EUA e na Argentina tenham sido prejudicadas.
O caso passou a ser investigado pela Justiça, em meio a alegações de que sua irmã, Karina Milei, teria recebido suborno do criador da criptomoeda para conseguir investidores, e a uma polêmica entrevista na qual o presidente disse ter agido “de boa fé”, mas que foi posta em xeque após a descoberta de que as perguntas tinham sido combinadas previamente,e que um trecho havia sido retirado da primeira exibição pelo canal TN+.
A abertura da comissão foi a segunda derrota para o presidente em menos de uma semana. Na quinta-feira passada, o Senado rejeitou a indicação por decreto de dois juízes à Corte Suprema, em uma votação que contou com o apoio de parte dos governistas. A turbulência política ocorre às vésperas das eleições legislativas, marcadas para outubro, e que devem testar a popularidade do presidente nas urnas.